Enquanto faziamos o doutoramento minha mulher e eu nos deixamos contagiar, de alguma forma, pela história e pela cultura fabulosa do islã. Uma história e uma cultura extremamente ricas, pontuadas por um espírito de civilização, por uma riqueza de detalhamento, cuidado, zelo e, também, por uma fé e uma sensualidade raras. Para muito, muito longe dos estereótipos e da ignorância com que o islã é percebido no Ocidente mas, muito particularmente, pelos brasileiros. E isso é curioso. Em Paris, não se podia convidar um brasileiro para tomar um chá de menta na mesquita da cidade que logo nos olhavam com uma cara de espanto, como se houvesse ali um risco maior que o de entalamento por prazer de comer. Em Belém, a mesma coisa e os mesmos riscos. Uma cultura formada pelo Jornal Nacional e símios televisivos do mesmo filo e chordada, que noticiam o islã com uma tal alteridade que torna impossível qualquer generosidade. A intolerância compacente e a mesma alteridade com que a Rede Globo trata o Nordeste e a Amazônia. Grande pena.
O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de...
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