O Cristianismo revolucionário.
Entender o que chamei, no post anterior, de potencial revolucionário da Igreja significa entender a diferença entre as crenças presentes no mundo onde o cristianismo nasceu e cresceu e a mensagem inovadora trazida por ele. Entender essa diferença significa entender em que medida a doutrina cristã pregava uma revolução social.
A essência da mensagem cristão é esse comunismo bárbaro, pré-utópico, centrado num mítico e ao mesmo tempo místico nivelamento absoluto de tudo e de todos, gente, mundo, desejo. Um nivelamento de classes e uma uniformização das possibilidades, sempre renovada e garantida pela pregação quase selvagística do ódio aos ricos – que não serão admitidos na ceia do Senhor.
Alain de Benoist, em “Les idées à l’endroit”, 1979, diz que as sociedade antigas compreendiam o cristianismo como uma religião de escravos, ou como uma espécie de contra-cultura. Por isso ela atraia os despossuídos, os insatisfeitos, os renegados. Os primeiros cristãos eram os sem-família, os sem-terra, os profissionais mais injustiçados e dos setores menos elevados da escala de produção. Apisoadores, cardadores, artesãos, escravos. Gente rude e com pouca informação. Hostes de desvalidos, esquálidos, mendigos.
Eu próprio repudio o cristianismo como herança à esquerda. Creio que o mal que fez foi, sempre, muito maior que o bem, e penso que esse cristianismo antigo é apenas uma evidência, não um fato migrável aos nossos dias. No entanto, ele precisa ser conhecido e reconhecido em sua dimensão histórica, e isso vem a ser uma herança.
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