Trotsky II
Oportunismo e proselitismo. Lambert se apropriou da herança de Trotsky e sabe Deus quanta gente influenciou mundo à fora. A herança de Lambert foi absorvida por François Mitterand, presidente socialista da França de 1982 a 1993 e por Lionel Jospin, primeiro-ministro socialista entre 1997 e 2002 e candidato à presidência da República nesse ano. Com isso, passou de uma esfera de influência comunista para outra, socialista, e, com ela, alcançou o poder.
A simples menção do nome de Mitterand provoca calafrios nos franceses. O ex-presidente é lembrando como um grande traidor e a imagem poderosa de um estadista da renovação socialista, imagem que dominou a França por vários anos a partir de 1982, ecoa apenas na lembrança da eficácia de sua publicidade.
O socialista Mitterand chegou ao poder com apoio da OCI, ou seja, dos comunistas de Lambert e de setores importantes da burguesia francesa. Autopredestinava-se a estadista e encarnava a imagem de uma França pungente e renovada. Seu objetivo de fundo era reorganizar as bases da sociedade francesa, abalada moral e politicamente desde 1968.
Porém, a herança de Mitterand não era 1968. Ele fez crer a muitos que era, mas sua posição foi contrária ao movimento. A sua herança, realmente, era o governo de Vichy, colaboracionista, do qual foi servidor. Sua herança era a guerra colonialista da Argélia, na qual desempenhou um papel conservador e, também, um partido socialista desmoralizado cuja principal bandeira, ontem como hoje, era a capacidade de arrancar aos setores conservadores da sociedade francesa alguns nacos de tolerância para com as classes trabalhadoras.
A estratégia de compor com frações da burguesia é tradicional no pensamento de esquerda e foi tematizada desde Lênin. Ela gerou experiências exitosas e fracassadas, da Hungria ao Chile. Na França, é a bandeira histórica do Partido Socialista e o instrumento que justificou a « aliança de esquerda » dentro da OCI quando esta, para o espanto de muitos, aderiu à candidatura de François Mitterand em 1981. Aliás, a campanha presidencial de Lionel Jospin, herdeiro, ao mesmo tempo, de Mitterand e de Lambert, em 2002, foi baseada na convocação de uma « esquerda plural » a aderir ao projeto socialista.
Aliás, se a figura de Jospin é mais leve que a de Mitterand, a sua herança não é menos pesada. Ele entrara na OCI ainda antes de 68, mas em 1971, incentivado por Pierre Lambert, seu mentor, rompeu com o esta e aderiu ao Partido Socialista. Era o começo de uma estratégia entrista que iria culminar com a passagem de Jean Cristophe Cambadélis – hoje figura de proa do PS francês - e de vários comunistas, em 1986, para a corte de Mitterand.
No poder, Jospin maximizava a sua imagem de esquerda, mas atuava com a receita neo-liberal, promovendo privatizações e redução de investimentos e direitos sociais. Com isso, tal como fizera Mitterand, beneficiava o capital financeiro e as elites européias, mantendo a classe operária sob controle por meio de uma simulação de imagem pública. O resultado dessa política conhecemos vimos de perto, pois morávamos na França nesse momento: a derrota de Jospin pela ultra-direita racista de Jean-Marie Le Pen, que disputou com a direita de Chirac a presidência francesa em 2002.Hoje isso tudo parece estar longe. Lambert, Mitterand, Jospin e outros. A eleição de Sarkozy e a morte de Lambert botam as coisas mais às claras. O trotskysmo vilipendiado pode ficar translúcido, se for o caso. Reivindiquemos essa herança também.
Comentários
No Brasil a OCI é representada pela corrente petista o Trabalho, que representa 1% dos filiados.
O interessente é que fazem uma vociferação terrível contra a polítca de alianças e a estratégia de governabilidade do governo Lula.
Tem discurso, mas estão longe de compreender a essências da democracia e, principalemnte, do socialismo. E acabam cometendo "assassinatos ideológicos" com a verdadeira esquerda. São inteligentes intelectualmente, mas sem alguma inteligência sensível e, principalmente, empírica. Pobre de nós que sofremos por uma esquerda mais democrática e mais socialista no Pará.
Temos que acabar com essa merda de PUBLICIDADE. Essa MERDA, só serve para enganar o povo. é isso quer eu faço no meu trabalho. Choro todo dia por ter me formado nessa merda; mas não tenho um puto ainda para sair desse barco imundo.