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Mudando o currículo do Jornalismo

Neste momento de desobrigação do diploma de jornalismo, convém reiniciar o debate sobre o currículo dos cursos de jornalismo. Não porque precisemos adaptar o curso ao mercado, como, aliás, eu já expliquei aqui e aqui. Mas porque o estado de ebulição em que as faculdades de comunicação e de jornalismo entraram é oportuno para que façamos os ajustes básicos necessário. Bom, eles são vários, mas vou destacar aqui apenas um: a necessidade de centralizar o currículo no tema das convergências em meio digital. Eu me pergunto: fazer jornal experimental, excelente, mas porque não sob a forma de um portal? Aula de telejornalismo, ótimo, mas porque não convergi-la para o mesmo portal? Por que não desenvolver formatos noticiosos experiementais em webtv? Aula de radiojornalismo, muito bem, mas por que não transformar esse potal numa plataforma para webrádios inidividuais ouncoletivas para os alunos? Por que não experimentar novos formatos? E o mesmo quanto à assessoria de imprensa, a teoria, o tcc etc. Impresso, jornal e TV poderiam convergir num movimento contínuo para a internet e vice-versa. Ademais, poderíamos eliminar as divisões entre disciplinas que não são estanques, substituir as fronteiras por redações integradas a produções.

Comentários

Rosane Steinbrenner. Professora da Facom e doutoradna do NAEA, recém chegada de viagem de campo da confluência da Transamazônica e Cuiabá-Santarém disse…
mundo da vida

Não há como discordar que os clics e links sobre bytes concentram e potencializam nossas interações. Porém, ao chegar dos confins do interior do Pará, onde luz ainda há para poucos, celular é notícia e internet, coisa de quem sabe um dia, não posso deixar de pontuar que bem aqui, ao lado deste mundo hegemônico urbano digital, existe um mundo da vida, isolado, para o qual o jornal, ainda que mais que "amanhecido", e a tradicional onda de rádio, são únicos meios de comunicação. O exercício da produção convergente parece sim e deve ser encarado como algo importante, e mais, inescapável. Penso, no entanto, na necessidade de voltarmos nossos esforços de revisão do currículo dos cursos de Jornalismo também para o reforço da Ética, como disciplina transversal ou como seminários permanentes ao longo do curso, e no reforço à atividades e projetos de Extensão que estimulem o engajamento dos jovens profissionais no ofício crítico e criativo do Jornalismo voltado de fato ao interesse público, aqui e acolá, seja por meio das novas ou das velhas mídias.
hupomnemata disse…
Oi Rosane. Concordo plenamente com suas duas colocações: reforçar a reflexão sobre a Ética na graduação e sempre lembrar que os meios tradicionais, sobretudo o rádio, são estruturantes do espaço amazônico. Afinal, somente 4% da população paraense, pelo que consta, tem acesso à internet. Não obstante, mantenho minha colocação de que os currículos de nossas graduações em comunicação devem incorporar cada vez mais, e com grande urgência, as tecnologias digitais. E isso por 2 razões: 1) Uma coisa não é conseqüência da outra, ou seja, o reforço da experiência em rádio digital não desperdiça a experiência de fazer rádio convencional; ao contrário, a rreforça; 2) A tecnologia é um imperativo da comunicação, sempre foi e sempre será, e mais cedo ou mais tarde seremos obrigados a nos apressar, seja por imposição dos alunos, do MEC, do mercado ou da sociedade civil; então, é melhor que nos antecipemos. Abraço grande.
Cássio disse…
Fábio, parabéns pelo Blog e aqui exponho pequenas considerações que já antecipei em outro blog, comentando a respeito do mesmo. É um blog de conteúdo em torno das múltiplas linguagens comunicativas. Propõe debates densos e teóricos, fundamentalmente quanto ao uso das linguagens webs nas diversas formas de expressões jornalísticas e nas políticas públicas de comunicação. O mote central reside no processo da democratização do acesso e ao uso amplo das linguagens. Outros assuntos, como diria o Juca, sobem à ribalta, de análises operísticas aos escopos das teorias habermasianas defendidas pelo blogueiro. Excelente e denso. Obviamente que nem todos os temas são digeridos por todas as tribos. Cabe ao internauta dedidir qual queira - ou possa - navegar. Talvez possa parecer pedante, mas não é essa a proposta do blogueiro, pois se trata de um intelectual refinado, mas dotado de grande capacidade comunicativa, refletindo as teses com as quais abraça. E mais, cavalheiro e simples - sem ser simplório. Abs.
hupomnemata disse…
PÔoxa... E ainda sou cavalheiro? Caro Cássio, por causa disso tenho que dizer que je suis flatté - só em francês para dizer isso.
Cássio disse…
A lisonja também é uma virtude, tal qual a boa soberba, dialetizando, digamos assim, os pecados capitais. Abs.

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