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O recuo de Mercadante

Mercadante recuou. Sua decisão de permanecer na liderança do PT no Senado mostrou ambivalência e fraqueza. Num plano mais profundo, mostrou do que é capaz o pragmatismo, na política. Mercadante errou. Perdeu boa parte de sua condição de permanência como líder do PT, desgastou sua capacidade de interlocução e despendeu parte de suas próprias reservas políticas. E o PT com ele, embora não o Lulismo. Mais uma vez se coloca o problema paradoxal da política, que é a diferença entre o curto prazo, excessivamente mesquinho, e o longo prazo, excessivamente incerto. O que não sei é se o pragmatismo é um valor que tem sentido somente no curto prazo.

Comentários

Anonymous disse…
O pragmatismo enquanto atitude oportunista que visa, na verdade, a manutenção do poder por meio do equilíbrio do jogo político - e não como filosofia sofisticada que tinha em Richard Rorty um de seus principais expoentes contemporâneos -, representa realmente uma praga!! O problema tem se agravado, creio eu, na medida em que a dimensão de longo prazo e de idealismo político parecem ter ficado fora de moda na esquerda! No início, a justificativa para atitudes "pragmatistas" como estas, era a necessidade de se fazer determinadas concessões em nome de um ideal político mais amplo; este sim o foco de mais longo prazo... Como tempo, no entanto, fica claro que o fim passa a ser o poder pelo poder. O problema, é que são poucos realmente aqueles que atuam de forma profissional na política, e que tem condições intelectuis e morais de articular estas duas dimensões (a política enquanto meio CP e o ideal de uma sociedade mais justa e democrática enquanto fim LP). É por isso que o discurso pragmatista ("oportunista") com o tempo parece se tornar hegemônico. Quem está no poder, se convence com ele muito fácil! Hoje ele se apresenta com clareza como meio que virou fim em si... Este é um dos problemas da política profissional...O que era fim, por seu turno, tende a virar meio, ne verdade, de progressão política para alguns... Jogando para o ralo os ideais e intereses da maioria que os sustenta politicamente. Isto está claro!! Muitos desses, aqueles que compreendem exatamente o que estão fazendo (como o Mercadante, que é um cara preparado), escolhem, portanto, neste momento calar-se, sucumbindo ao poder!!! No entanto meu caro, ainda restam os fortes, são poucos, mas ainda existem e estão por aí, sem rumo neste momento difícil para a esquerda brasileira...

Abs.
Danilo
Anonymous disse…
O recuo de Mercadante reflete a pequena política que tomou conta da nossa política. Aqui em Nova Deli ou lá em brasília, o PT se comporta da mesma maneira. Pensando no aqui agora e apagando sua própria história. E viva a Marina para presidente. Façamos diferente.

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