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Projeto nacional de banda larga

Duas notícias publicadas hoje no Estado de São Paulo sobre o projeto de universalização da banda larga do Governo Federal:
Do Estado de São Paulo: 
Proposta do Ministro Helio Costa é levar a banda larga em metade dos domicílios em 2014
Projeto custaria R$ 75,5 bi, que seriam investidos nos próximos cinco anos, por meio de parceria público-privada
Gerusa Marques, da Agência Estado
BRASÍLIA – A meta fixada pelo Ministério das Comunicações é de chegar a 2014 com 50% dos domicílios do Brasil conectados à internet em banda larga. A previsão consta do documento “O Brasil em Alta Velocidade”, que está sendo apresentado na tarde desta terça-feira, 24, pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Todo o projeto custaria R$ 75,5 bilhões, que seriam investidos nos próximos cinco anos.
Pelo plano do ministério para a massificação da banda larga, no prazo de cinco anos, em cada grupo de 100 pessoas, 45 terão acesso rápido à internet. A proposta de Costa, obtida pela Agência Estado, é de chegar a 2014, com 90 milhões de acessos.
Deste total, 30 milhões seriam pelas redes fixas e 60 milhões pelas redes da telefonia celular. As empresas chegaram a propor ao ministério baixar a meta de conexões móveis para 50 milhões, mas a reivindicação não foi aceita. Estão previstas no projeto conexões em residências, empresas e cooperativas, além de pontos públicos de acesso coletivo.
Pela proposta, nos próximos cinco anos, seriam atendidos com acesso à internet em banda larga fixa 100% dos órgãos da administração federal, dos estados e municípios. Também seriam atendidas todas as escolas públicas rurais, que somam mais de 70 mil. As escolas públicas urbanas já estão sendo atendidas por outro programa, numa parceria entre governo federal e concessionárias de telefonia fixa. Seriam cobertas ainda 177 mil unidades de saúde pública, incluindo postos e hospitais. Também há previsão de atendimento a 10 mil bibliotecas e 14 mil órgãos de segurança pública, como delegacias de polícia.
O desafio principal do plano nacional de banda larga, na avaliação do Ministério das Comunicações, é baixar o preço da conexão para que os serviços possam chegar às classes mais carentes da população e ao interior do País. Na proposta de Hélio Costa, a banda larga popular teria um preço máximo de R$ 30 por mês. Outro objetivo do projeto é o de aumentar em dez vezes a velocidade mínima de conexão, saindo hoje de 200 quilobits por segundo (kbps) para 2 megabits por segundo (mbps), em 2014.
Investimentos
O documento de 195 páginas propõe parceria público-privada para permitir que o País chegue a 2014 com 90 milhões de acessos de banda larga, meta já antecipada pela Agência Estado. Do total de investimentos, R$ 49 bilhões seriam aplicados pelas empresas, com recursos próprios e de linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os outros R$ 26,5 bilhões viriam do setor público, incluindo o governo federal e os governos estaduais.
A maior parte do investimento privado seria bancada pelas operadoras de telefonia celular, que ficariam responsáveis pelo aporte de R$ 31 bilhões, correspondentes a 53 milhões de novos acessos à banda larga pela rede móvel. As empresas de telefonia fixa investiriam R$ 18 bilhões, para criar 18 milhões de novas conexões até 2014.
Os governos contribuiriam para o projeto com isenção tributária para novos acessos e a liberação de fundos setoriais. A maior parte do dinheiro público – R$ 12,6 bilhões – viria da isenção da cobrança de ICMS sobre os novos acessos à banda larga, o que depende da concordância dos Estados. Também haveria isenção da cobrança de Pis e Cofins, no total de R$ 1,63 bilhão, para novos acessos e modens de conexão à internet.
O governo federal liberaria R$ 4 bilhões do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) e R$ 1,6 bilhão do Fundo de Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel), além de abrir mão da arrecadação de R$ 3,45 bilhões do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel), que deixaria de ser cobrada sobre os novos acessos, até 2014.
Expansão da rede
Costa propõe que as empresas responsáveis pela construção de obras públicas de infraestrutura – como habitação, saneamento e energia – sejam obrigadas a incluir dutos e fibras ópticas que possam ser usadas para a comunicação. Há ainda a sugestão para que sejam criadas linhas de financiamento pelo BNDES. Essas linhas seriam usadas para a expansão das redes, para projetos de inclusão digital das prefeituras e para a implantação de lan houses, entre outras aplicações.
O ministério também propõe incluir os provedores de internet que são microempresas ou empresas de pequeno porte em regimes fiscais diferenciados, como o Supersimples e o Simples Nacional.
O ministério destaca ainda que os eventos esportivos que ocorrerão no Brasil nos próximos anos – como a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e os Jogos Olímpicos de 2016 – exigem uma infraestrutura de banda larga “moderna e abrangente”.
Para coordenar a implantação do Plano Nacional de Banda Larga, o ministério propõe a criação de um comitê gestor, que ficaria responsável pelo acompanhamento e revisão periódica das metas. Este comitê seria composto por representantes de órgãos de Governo, da indústria e das prestadoras de serviços.
Lula defende estatal na banda larga
Em vez do modelo híbrido, que vinha sendo estudado, presidente quer empresa estatal forte para atuar no setor
Gerusa Marques e Tânia Monteiro, BRASÍLIA – O Estado SP
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer que a estatal da banda larga, cuja criação está sendo estudada no governo, também chegue ao cliente final, oferecendo, no varejo, conexão à internet em alta velocidade. Segundo assessores do presidente, Lula acha que o governo tem de estar preparado para prover o serviço ao cidadão brasileiro no caso de empresas privadas não terem interesse.
Os estudos do grupo técnico encarregado de formular uma proposta de massificação da banda larga no País caminhavam para a adoção de um modelo híbrido, em que a estatal atuasse no atacado, fazendo a transmissão de dados. O atendimento ao cliente final ficaria com o setor privado, seja pelas grandes teles ou por pequenos provedores.
Em reunião, ontem, com oito ministros, esse cenário mudou. Lula pediu novos estudos para a criação de uma estatal mais poderosa, que poderá vir a competir com as empresas privadas em todos os segmentos. Alguns técnicos do governo admitem, porém, a possibilidade de a manifestação do presidente ser uma forma de pressionar as teles a aderirem de maneira mais efetiva ao projeto de massificação da banda larga.
O presidente deu mais três semanas para que os técnicos levantem os custos do projeto, incluindo o atendimento ao cliente final, chamado de última milha. Para isso, seriam necessários investimentos na construção de ligações entre a estrutura principal que o governo já possui – usando as redes da Petrobrás, Eletrobrás e Eletronet – ao consumidor final. Na reunião, Lula também mostrou-se irritado com a demora da Justiça em liberar as redes de fibra óptica da Eletronet (empresa falida que tem a Eletrobrás como sócia) para o projeto (ver abaixo).
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, que ontem também apresentou a Lula uma proposta para expandir a internet rápida em parceria com as teles, já disse que o governo não tem recursos para bancar o projeto sozinho.
Pelo projeto de Costa, seriam necessários R$ 75,5 bilhões para chegar a 2014 com 90 milhões de acessos à internet em alta velocidade, bem acima do número atual de conexões, que está em cerca de 20 milhões. O projeto do ministro, intitulado “O Brasil em Alta Velocidade”, prevê que, em cinco anos, metade dos domicílios brasileiros estarão conectados com banda larga. Mas não contempla a criação de uma estatal para atuar no segmento.
Do total de investimentos, R$ 49 bilhões seriam aplicados pelas empresas, com recursos próprios e de linhas de financiamento do BNDES. Os outros R$ 26,5 bilhões viriam do setor público, incluindo o governo federal e os governos estaduais.
PREÇO BAIXO
O objetivo do plano de Costa é criar uma banda larga mais barata, que custe no máximo R$ 30 por mês. A ideia é permitir que os serviços possam chegar às classes mais carentes da população e ao interior do País. Outro objetivo do projeto é aumentar em dez vezes a velocidade mínima de conexão, saindo hoje de 200 quilobits por segundo (kbps) para 2 megabits por segundo (Mbps), em 2014.
A maior parte do investimento privado seria bancada pelas operadoras de telefonia celular, que ficariam responsáveis pelo aporte de R$ 31 bilhões, correspondentes a 53 milhões de novos acessos à banda larga pela rede móvel. As empresas de telefonia fixa investiriam R$ 18 bilhões, para criar 18 milhões de novas conexões até 2014.
Os governos contribuiriam para o projeto com isenção tributária para novos acessos e a liberação de fundos setoriais. A maior parte do dinheiro público – R$ 12,6 bilhões – viria da isenção da cobrança de ICMS sobre os novos acessos à banda larga, o que depende da concordância dos Estados. Também haveria isenção da cobrança de PIS e Cofins, no total de R$ 1,63 bilhão, para novos acessos e modems de conexão à Internet.
O governo federal liberaria R$ 4 bilhões do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) e R$ 1,6 bilhão do Fundo de Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel), além de abrir mão da arrecadação de R$ 3,45 bilhões do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel), que deixaria de ser cobrada sobre os novos acessos, até 2014.
Pela proposta, nos próximos cinco anos, seriam aplicados ainda R$ 2,22 bilhões para a criação de 100 mil telecentros para acesso público à internet e R$ 1 bilhão em satélites de comunicação. Da meta total de 90 milhões de acesso, 30 milhões seriam pelas redes fixas e 60 milhões pelas redes da telefonia celular. Pela proposta, nos próximos cinco anos, seriam atendidos também 100% dos órgãos da administração federal, dos estados e municípios.

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