Estou viajando e o blog está no modo "releitura". O post a seguir foi publicado originalmente no dia 29/11/2006. Retorno no final de janeiro.
Quinto pecado: Ausência de políticas de leitura
Com os índices de escolaridade que possui, o Pará precisa formar, com urgência, uma geração de leitores. A leitura é uma estratégia de promoção social complementar às políticas de educação e o espaço por excelência por meio do qual estas últimas se ligam às políticas culturais. O PSDB não percebeu isso em nenhum momento dos últimos doze anos. Não houve investimento público conseqüente na área da leitura, não houve revitalização ou ampliação dos poucos recursos existentes. A política cultural para a leitura se centrou no projeto da Feira do Livro, que, não obstante seus méritos, não pode ser considerado, realmente, como uma política de leitura.
Em primeiro lugar porque está centrado numa perspectiva de troca econômica e, como se sabe, nem todo mundo pode comprar livros. Aliás, poucos podem fazê-lo. Em segundo lugar, porque pressupõe a leitura como uma efeméride: como um festival que acontece uma vez por ano. Ninguém que lê realmente, lê durante quinze dias ao ano. Ora, o que caracteriza o hábito da leitura – e, portanto, deve caracterizar a política cultural no campo da leitura – é a constância, e não a efeméride.
Dizer que a feira do Livro é a quarta do país em número de visitantes é muito bonito, mas o número efetivo é que ela não é a quarta em vendas efetivadas. E isso porque a renda, no Pará, é mal distribuída. Não havendo recursos para que se compre livros e sendo a leitura uma prática social vital de promoção social, parece óbvio que a política cultural precisa ter, sim, um compromisso sério na promoção da leitura. E isso se faz equipando bibliotecas, sobretudo escolares, e tornando-as atrativas para a comunidade.
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