Motivado pelo fracasso da conferência sobre o clima de Copenhague, o sociólogo francês Alain Tourraine publicou, no El País do dia 6 de janeiro passado, um artigo bem interessante que, poderia dizer, se bem o entendi, que a crise essencial não é econômica, social ou política, mas de percepção. Seria, ela, uma crise na própria percepção do homem sobre seu papel – político – num mundo em crise.
Tourraine parte da crise econômica, eventual, para alcançar um plano maior, histórico:
“Tenemos que reconocer que hemos llegado a los límites de lo posible intentando mantener nuestro modo de vida y nuestros métodos de gestión financiera. La suma de estos dos órdenes de problemas nos sitúa indiscutiblemente ante un peligro de catástrofe mayor”.
Essa situação levaria a uma crise da própria ação política. Especificamente, da expressão política do descontentamento, das reivindicações e das denúncias. Como protestar? A quem criticar? Os conflitos atuais, sugere Tourraine, já não derivam de uma luta de classes ou de projetos, mas de algo bem maior. As crises sociais e ecológicas puxadas pelas crises econômicas são, antes de tudo, uma crise da vontade:
“la construcción de un nuevo tipo de sociedad, de actores y Gobiernos, depende antes que nada de nuestra conciencia y de nuestra voluntad (...) más sencillamente aún, de nuestra convicción de que el riesgo de que se produzca una catástrofe es real, cercano a nosotros y de que, por tanto, tenemos que actuar necesariamente”.
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