Também neste janeiro faleceu, aos 89 anos, o cineasta francês Eric Rohmer. O que seu cinema tem de genial, para mim, é a capacidade de dialogar com a literatura e fazer, com ela, um cinema híbrido. Não um “cinema literário” ou uma “literatura filmada”, mas realmente um híbrido.
Não é sem razão que Rohmer era, também, professor de literatura.
Multipremiado, realizou 20 filmes. Foi um dos pais fundadores da Nouvelle Vague, uma escola de cinema acidamente literária.
Seu grande tema foi a nudez das relações amorosas. Seu objetivo: desnudar, com total honestidade, os entreditos dessas relações.
Sua estratégia narrativa era a ficção disfarçada por um tom documental. Uma farça deliciosa.
Alguns outros pontos marcantes: o amor pelos diálogos, o ignorar das questões políticas, a predominância dos personagens sobre a trama.
Romher é seu pseudônimo como cineasta. Cordier o seu pseudônimo como escritor – de um único romance, Elizabeth, publicado em 1946. Seu nome civil era Schérer.
Nasceu no sul da França e se mudou para Paris nos anos 1940. Foi jornalista e ensinou literatura. Freqüentador da Cinemateca Francesa, lá conheceu Jean-Luc Godard e Jacques Rivette, com quem criou, em 1950, a publicação “Gazette du Cinéma”. Nesse mesmo ano fez seu primeiro filme, o curta-metragem “Journal d’un scélérat”.
Entre 1957 e 1963 foi o editor da “Cahiers du Cinema”. Nesse momento, entre os parênteses desses anos, nasceu a Nouvelle Vague, pois foi em 1958 que Claude Chabrol lançou “As garras do vício”; em 1959 que François Truffaut lançou “Os incompreendidos”; em 1960 que Godard lançou “Acossado” e, finalmente, em 1959 que ele próprio lançou “O signo do leão”, seu primeiro longa-metragem.
Na fotografia, uma cena de Pauline na Praia.
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