Pular para o conteúdo principal

O III PNDH 2

Duas das críticas que têm sido feitas ao 3º PNDH são as de que ele: a) é excessivamente abrangente e b) constitui um projeto político do governo.
Ora, ambas estão erradas. Pelo seguinte:
1.      O que se entende, hoje, na comunidade internacional como direitos humanos, é algo amplo. Mais amplo do que duvida a vã filosofia dos setores mais conservadores da sociedade. Se a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, já garantia que os direitos humanos eram algo muito mais abrangente do que os direitos civis e políticos, uma série imensa de tratados, acordos e convenções internacionais, formatam o que, hoje, compreendemos como sendo o direito internacional dos direitos humanos, algo que protege direitos de várias dimensões: civis, políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, de solidariedade, dos povos, entre outras. O Brasil ratificou, já, a imensa maioria desses tratados, acordos e convenções, sendo, portanto, obrigado a cumpri-los. Falta faze-lo, pois.
2.      O projeto político que é o 3º PNDH não resulta de um planejamento de governo, simplesmente porque foi feito com imensa participação popular e da sociedade civil organizada. Para sua elaboração foram realizadas, em 2008, 27 conferências estaduais e, finalmente, a 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, em dezembro desse ano. O resultado desse esforço foi um grupo de trabalho que sintetizou as propostas da Conferência e as debateu com centenas de organizações da sociedade civil. Todas elas participaram ativamente desse processo, foram ouvidas e puderam debater, entre si e com diversos ministérios e entidades do poder público. Obviam,ente que o documento final foi estruturado politicamente, o que quer dizer que nem todas as propostas, mesmo aqueles que constituem demandas avançadas e democráticas da sociedade brasileira, estão ali presentes.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eleições para a reitoria da UFPA continuam muito mal

O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de...

O enfeudamento da UFPA

O processo eleitoral da UFPA apenas começou mas já conseguimos perceber como alguns vícios da vida política brasileira adentraram na academia. Um deles é uma derivação curiosa do velho estamentismo que, em outros níveis da vida nacional, produziu também o coronelismo: uma espécie de territorialização da Academia. Dizendo de outra maneira, um enfeudamento dos espaços. Por exemplo: “A faculdade ‘tal’ fechou com A!” “O núcleo ‘tal’ fechou com B!” “Nós, aqui, devemos seguir o professor ‘tal’, que está à frente das negociações…” Negociações… Feitas em nome dos interesses locais e em contraprestação dos interesses totais de algum candidato à reitoria. Há muito se sabe que há feudos acadêmicos na universidade pública e que aqui e ali há figuras rebarbativas empoleiradas em tronos sem magestade, dando ordens e se prestando a rituais de beija-mão. De vez em quando uma dessas figuras é deposta e o escândalo se faz. Mas não é disso que estou falando: falo menos do feudo e mais do enf...

UFPA: A estranha convocação do Conselho Universitário em dia de paralização

A Reitoria da UFPA marcou para hoje, dia de paralização nacional de servidores da educação superior, uma reunião do Consun – o Conselho Universitário, seu orgão decisório mais imporante – para discutir a questão fundamental do processo sucessório na Reitoria da instituição. Desde cedo os portões estavam fechados e só se podia entrar no campus a pé. Todas as aulas haviam sido suspensas. Além disso, passamos três dias sem água no campus do Guamá, com banheiros impestados e sem alimentação no restaurante universitário. Considerando a grave situação de violência experimentada (ainda maior, evidentemente, quando a universidade está vazia), expressão, dentre outros fatos, por três dias de arrastões consecutivos no terminal de ônibus do campus – ontem a noite com disparos de arma de fogo – e, ainda, numa situação caótica de higiene, desde que o contrato com a empresa privada que fazia a limpeza da instituição foi revisto, essa conjuntura portões fechados / falta de água / segurança , por s...