O blog está no modo "releitura". O post seguinte foi publicado originalmente no dia 09/11/2009. Retorno no fim de janeiro.
Um dos grupos humanos mais interessantes que encontrei, na minha pesquisa sobre identidades, foi o dos Samaritanos. Conhecemos essa gente sem identificar-lhes a identidade, dizendo que fulano ou beltrano é um “bom” samaritano. Mas, já lhes ocorreu de saber que vem a ser isto? Pois eles são, na verdade, um grupo étnico definido, com embates simbólicos e políticos e com uma história longa e rica. Sua história inicia com a conjuntara de um fato político hebreu – a divisão do reino de Abrahão em dois reinos, um ao norte, Israel e outro ao sul, Judá – com um fato militar assírio, seu expansionismo na direção de Judá. O reino de Israel hostilizava a mentalidade totalitária de Judá e se recusava a reconhecer a capital deste, Jerusalém, como “cidade santa”. Os cobiçosos assírios aproveitaram-se da disputa entre os dois estados hebreus para destruir Judá, tomar Jerusalém e escravizar boa parte da população. E deixaram por lá um grupo de colonos, logo aculturados, mais tarde conhecidos como samaritanos. No passar dos séculos os samaritanos adotaram a religião judaica e fundaram seu próprio lugar sagrado, com seu templo, no monte Guerezin. Nesse mesmo passar dos séculos os hebreus do reino de Israel se tornaram dominantes e povoaram Jerusalém, iniciando três mil anos de hostilidade aos samaritanos, que nunca foram considerados, pelos judeus, como “verdadeiros judeus”. A diferença é mínima, pois os samaritanos circuncidam-se, consideram a Torá um texto sagrado, têm os mesmos ritos e crenças. Duas diferenças, apenas, são marcantes: possuem a tradição do sacerdócio hereditário, praticam ainda o sacrifício de animais e não reconhecem o Talmud como texto sagrado. Ah, sim, e por que se fala, afinal, em “bons samaritanos”? Porque eles trabalharam como auxiliares e enfermeiros na ordem dos cavaleiros Templários, durante a ocupação européia da Palestina, após a 1ª Cruzada.
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