Algumas observações sobre o conflito entre a Google e o governo chinês.
A Google Inc. não é uma empresa heróica, motivada por ideais juvenis. Por outro lado, a China também não é grande coisa em matéria de respeito às liberdades civis. Por isso nós, aqui, poderíamos, simplesmente, dizer que isso é briga de branco, e eles é que se entendam.
Porém, não resistiremos à tentação de dizer algumas palavras a respeito dessa inesperada e surpreendente briga de cachorros grandes, não é mesmo?
Algo a mais deve estar por trás disso. Senão, vejamos:
Ato um - o governo chinês pratica uma censura sofisticada e implacável à internet.
Ato dois – a Google Inc. ameaça deixar suas operações no país.
Não pode ser simples assim. Não pode ser espontâneo assim. Não pode ser irascível assim. Essa gente não é espontânea, simplesmente porque o capitalismo não é espontâneo.
O que indigna a Google Inc. não é, propriamente, o atentado aos direitos de privacidade, reserva e comunicação, mas a demonstração de que esses direitos, que são, na verdade, o que a Google Inc., de fato, vende aos seus usuários, são voláteis e suscetíveis.
E tudo ficou mais complicado quando a Reuters publicou uma nota, que revela que o ataque contra as contas do Gmail aconteceu graças à ajuda de funcionários internos da Google China.
O ataque chinês defenestrou, na prática, o alicerce dos negócios da Google, o cloud computing. Em poucas palavras: a Google Inc. está se lixando para o ataque às contas de email de ativistas de direitos humanos, o que a estressa, o que a desnorteia, é o fato de que “computação nas nuvens” foi cindida.
Ora, não é mais seguro deixarmos nossos dados “nas nuvens”, e eu vou tirar os meus de lá. E recomendo que façam o mesmo.
A China já derrubou a Google Inc. Substituiu sua muralha por um firewall tão alto que barra até mesmo as charmosas núves da empresa americana.
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