Pular para o conteúdo principal

Belo Monte 3: O que está sem resposta

1. A variação na oferta da energia. 
Belo Monte vai gerar 11 mil megawatt (MW) somente durante quatro meses por ano. Em outros quatro meses a usina funcionará apenas com 30% a 40% dessa capacidade e, nos quatro meses restantes, não gerará praticamente nenhuma energia. Isso compromete e talvez inviabiliza o custo-benefício da usina.
2. O fator social 
O deslocamento de cerca de 20 mil pessoas que habitam o espaço que será inundado. Esse deslocamento não deve ser visto como um fato secundário. Há relações sociais e econômicas que estão sendo minimizadas.
3. A indefinição da área que será realmente inundada. 
O EIA realizado diz o reservatório, com seus 516 Km², atingirá diretamente três municípios: Altamira, Vitória do Xingu e Brasil Novo, mas especialistas afirmam que Anapu e Senador José Porfírio também serão afetados.
4. A indefinição do impacto populacional.
O EIA projeta que 300 mil paraenses, de onze municípios (Altamira, Senador José Porfírio, Anapu, Vitória do Xingu, Pacajá, Placas, Porto de Moz, Uruará, Brasil Novo, Gurupá e Medicilândia) serão impactados. Porém, faltam dados mais específicos sobre esse impacto.
5. A não escuta da sociedade
Uma das críticas sistematicamente feitas diz respeito à insuficiência das audiências públicas realizadas – apenas quatro, em Belém, Altamira, Brasil Novo e Vitória do Xingu. O debate realmente não foi amplo. Obviamente as 300 mil pessoas que serão impactadas não debateram o empreendimento e não foram suficientemente representadas.
6. O indefinição do custo
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), afirmou, em outubro de 2009, que o custo de Belo Monte seria 16 bilhões de reais. Cinco meses depois reavaliou este custo para R$ 20 bilhões. As empreiteiras, principais interessadas na construção da usina, avaliam que o valor final não será menor que R$ 30 bilhões. E esses valores não consideram a rede de transmissão de energia, subestações, e outras estruturas necessárias.
7. O impacto demográfico.
A obra deverá atrair cerca de 150 mil pessoas para o Pará, a maioria delas para Altamira, um município reconhecidamente sem estrutura urbana e com limitadas condições de expansão. Os 18 mil empregos diretos e os 23 mil indiretos gerados no pico da obra, no terceiro e o quarto anos da construção, serão reduzidos para 700 diretos e 2.700 indiretos ao final da mesma, dentro de 10 anos.
8. O impacto do metano
O metano é um gás de efeito-estufa 25 vezes mais impactante, no aquecimento global, por tonelada emitida, que o gás carbônico. As hidrelétricas liberam o metano da vegetação que fica submersa com a formação do lago.
9. O impacto sobre terras indígenas
Serão diretamente afetadas as terras indígenas Paquiçamba (do povo Juruna), Arara da Volta Grande do Xingu (do povo Arara) e a área Juruna do Quilômetro 17 (também do povo Juruna). Segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) também será afetada, diretamente, a terra indígena Trincheira Bacajá (dos povos Kayapó e Xicrin).
12. A incompletude dos estudos feitos
Ou seja, o elevado grau de incerteza quanto aos impactos ambientais resultantes da obra. De acordo com o parecer técnico nº114/2009, assinado por seis analistas ambientais do Ibama, “o estudo sobre o hidrograma de consenso não apresenta informações que concluam acerca da manutenção da biodiversidade, a navegabilidade e as condições de vida das populações do TVR [Trecho de Vazão Reduzida]”.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eleições para a reitoria da UFPA continuam muito mal

O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de

Leilão de Belo Monte adiado

No Valor Econômico de hoje, Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, informa que o leilão das obras de Belo Monte, inicialmente previsto para 21 de dezembro, será adiado para o começo de 2010. A razão seria a demora na licença prévia, conferida pelo Ibama. Belo monte vai gerar 11,2 mil megawatts (MW) e começa a funcionar, parcialmente, em 2014.

Ariano Suassuna e os computadores

“ Dizem que eu não gosto de computadores. Eu digo que eles é que não gostam de mim. Querem ver? Fui escrever meu nome completo: Ariano Vilar Suassuna. O computador tem uma espécie de sistema que rejeita as palavras quando acha que elas estão erradas e sugere o que, no entender dele, computador, seria o certo   Pois bem, quando escrevi Ariano, ele aceitou normalmente. Quando eu escrevi Vilar, ele rejeitou e sugeriu que fosse substituída por Vilão. E quando eu escrevi Suassuna, não sei se pela quantidade de “s”, o computador rejeitou e substituiu por “Assassino”. Então, vejam, não sou eu que não gosto de computadores, eles é que não gostam de mim. ”