Belo Monte está sendo construída para abastecer um setor da indústria denominado eletrointensivo. Fazem parte desse setor as mineradoras, siderúrgicas e cimenteiras. Esse setor consome cerca de 30% de toda a energia do país. As características básicas das indústrias eletrointensivas são as seguintes: elevado consumo de energia subsidiada (ou seja, pagam poucos impostos), geram poucos empregos e vivem da exportação de um produto com baixo valor agregado (não escalonam o desenvolvimento). O perfil do parque industrial brasileiro está muito concentrado nesses setores eletrointensivos. Aliás, isso pode explicar a obsessão do governo federal com Belo Monte. Às vezes dá impressão de que a usina está sendo construída apenas para satisfazer a demanda desses grupos mínero-metalúrgicos. O problema de produzir bens de baixo valor agregado e de alto conteúdo energético é que afirma um modelo de desenvolvimento que internaliza pouca renda e impulsiona pouco o desenvolvimento social.
Tomei ontem, junto com a professora Alda Costa, uma decisão difícil, mas necessária: solicitar nosso descredenciamento do Programa de pós-graduação em comunicação da UFPA. Há coisas que não são negociáveis, em nome do bom senso, do respeito e da ética. Para usar a expressão de Kant, tenho meus "imperativos categóricos". Não negocio com o absurdo. Reproduzo abaixo, para quem quiser ler o documento em que exponho minhas razões: Utilizamo-nos deste para informar, ao colegiado do Ppgcom, que declinamos da nossa eleição para coordená-lo. Ato contínuo, solicitamos nosso imediato descredenciamento do programa. Se aceitamos ocupar a coordenação do programa foi para criar uma alternativa ao autoritarismo do projeto que lá está. Oferecemos nosso nome para coordená-lo com o objetivo de reverter a situação de hostilidade em relação à Faculdade de Comunicação e para estabelecer patamares de cooperação, por meio de trabalhos integrados, em grupos e projetos de pesquisa, capazes de...
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