Pular para o conteúdo principal

Heranças à Esquerda 32

Esquerdas Brasileiras 3: O PCB 3 – A dissolução, em 1991
Em 1991, a liderança do PCB estava sendo disputada por três chapas. Roberto Freire, Sérgio Arouca e Salomão Malina lideravam a tese da reformulação partidária reunidos da chapa “Socialismo e Democracia”. Eram apelidados de “renovadores modernizantes”. Um grupo mais “ortodoxo”, o dos “renovadores revolucionários”, se reunia em torno da chapa “Fomos, Somos e Seremos Comunistas”. Um terceiro grupo formava a chapa “Política de Esquerda pelo Novo Socialismo”.
A primeira dessas chapas obteve 54% dos votos e determinou a composição do novo Diretório Nacional. Isso significou a vitória das teses liberalizantes. Na prática, representava a superação dos conceitos de partido único, ditadura do proletariado e centralismo democrático. A economia de mercado numa sociedade socialista passava a ser a nova bandeira dos comunistas. Logo, os “renovadores modernizantes” extinguiam o PCB para criar o Partido Popular Socialista (PPS).
O grupo dos “renovadores revolucionários”, composto por diversos quadros históricos,  começaram a organizar um “novo” partido... o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
A morte do Partidão estava anunciada há muito. A criação do PPS correspondia à mera satelitização de um partido sem heranças à esquerda, bichado, estragado, cedido.
A lição que fica para a história é que reforma é reforma, e revolução é revolução. Um partido “de quadros” já não fazia sentido no Brasil, porque a realidade histórica se mostrou mais complexa que o etapismo. A história não é linear e a dialética, enquanto método de compreensão da história, pode não ser mais que um instrumento discursivo que, à força de demais simplificar, perde a crônica das coisas que passam.
Porém, podemos perguntar: O que aconteceu, então, com o comunismo – para além do que aconteceu com o PCB?
A partir daqui vai da opinião de cada um. A minha percepção, pessoal e que não deve ser vista como algo definitivo, é que o PPS não representa nenhuma forma de continuidade do comunismo. Sei que é uma visão que gera polêmica e que, a ser exata depende de toda uma história futura, ainda em aberto, mais que da curta vida do PPS como partido.
Penso que a herança do comunismo, propriamente, que é uma herança à esquerda mas não toda a herança à esquerda, tem por depositário simbólico primordial o PCdoB, embora seja uma herança prática disseminada por vários partidos, como o PT e, inclusive, o PPS.
Para além da questão político-partidária, as heranças à esquerda deixadas pelo PCB foram muitas, e precisamos enumerá-las. Vamos a elas, para bem além do PPS e retornando ao passado do PCB.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eleições para a reitoria da UFPA continuam muito mal

O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de

Leilão de Belo Monte adiado

No Valor Econômico de hoje, Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, informa que o leilão das obras de Belo Monte, inicialmente previsto para 21 de dezembro, será adiado para o começo de 2010. A razão seria a demora na licença prévia, conferida pelo Ibama. Belo monte vai gerar 11,2 mil megawatts (MW) e começa a funcionar, parcialmente, em 2014.

Ariano Suassuna e os computadores

“ Dizem que eu não gosto de computadores. Eu digo que eles é que não gostam de mim. Querem ver? Fui escrever meu nome completo: Ariano Vilar Suassuna. O computador tem uma espécie de sistema que rejeita as palavras quando acha que elas estão erradas e sugere o que, no entender dele, computador, seria o certo   Pois bem, quando escrevi Ariano, ele aceitou normalmente. Quando eu escrevi Vilar, ele rejeitou e sugeriu que fosse substituída por Vilão. E quando eu escrevi Suassuna, não sei se pela quantidade de “s”, o computador rejeitou e substituiu por “Assassino”. Então, vejam, não sou eu que não gosto de computadores, eles é que não gostam de mim. ”