O mundo está atravessando um momento de mudança paradigmática no campo da comunicação. Como toda mudança paradigmática, esta tem um componente tecnológico central: o processo de conversão midiática. O que é isso? É a fusão de todos os aparelhos de comunicação numa única tecnologia e num único processo. No caso, o meio digital e a internet.
Alguns sintomas dessa mudança: as versões digitais da imprensa escrita ganham espaço, o investimento publicitário na internet duplica a cada ano, as rádios se digitalizam e também passam a ocupar lugar na internet, o conteúdo de todas as TVs do mundo estão na internet, acessíveis em qualquer lugar do mundo, a tecnologia blue ray (a nova geração de discos ópticos), e as novas caixas de cabo (setup box) permitem que tudo seja conectado à internet, atualizações de software ou compra de produtos também passam a ser feitas pela internet, tal como a televisão e o celular, e, porfim, a tecnologia wireless (redes sem fio) permite que todos esses equipamentos e conteúdos possam ser replicados em todo espaço de uma casa ou empresa, permitindo o acesso simultâneo de qualquer conteúdo.
Pode-se imaginar o impacto dessa inovação tecnológica sobre o mercado atual das comunicações. A principal vítima deverá ser a TV aberta. Se passa a ser possível acessar qualquer conteúdo a qualquer hora, acaba o conceito de grade de programação e muda o formato da publicidade em blocos comerciais. Ora, a conseqüência básica da convergência midiática é o rompimento da regra do horário: cada um pode ver o que quiser, quando quiser e como quiser – tecnicamente, inclusive, sem os intervalos comerciais.
Obviamente isso não é o fim da publicidade. A publicidade se adapta. Aliás, já se adaptou. Mas é o fim do modelo de negócios dominado pela TV aberta.
Na verdade, a convergência de mídias terá conseqüências amplas para toda a vida social. Suas conseqüências tecnológicas e econômicas são mais evidentes, mas obviamente também haverá conseqüências políticas, na medida em que permite novas práticas de produção e distribuição de conteúdo e novas formas de conexão social.
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