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Notas sobre o debate de ontem

1. Domingos Juvenil transmitiu fragilidade e inconsistência. Pareceu intimidado por Fernando Carneiro e transpareceu ansiedade toda vez que aguardava a formulação das perguntas que lhe eram destinadas. Suas respostas foram vagas e sempre faziam um movimento de fuga, em relação ao tema proposto.

2. Fernando Carneiro, ao contrário, transmitiu segurança e combatividade. Demonstrou estar “amparado por uma causa justa”, tal como um templário que guerreia em nome de um Deus. Seguiu o script do PSOL: construir-se à imagem de um PT ideal. Elaborou perguntas interessantes e, por assim dizer, fez política de verdade.

3. Simão Jatene passou inconsistência. Seu partido, bem como o DEM, há muito perseveram na tática de despolitizar o debate e de se ater às superficialidades. É o estilo Duda Mendonça de fazer marketing político. Por essa tática substitui-se palavras por imagens. A proposta é transformar idéias em sensações. Trata-se de um apelo emotivo e, por isso mesmo, inconsistente. Foi a mesma estratégia usada por Valéria Pires Franco nas eleições para a prefeitura de Belém, em 2008 e que tiveram o efeito de passá-la do 1º para o 4º lugar, como se sabe.

4. Ana Júlia estava destemida e segura. Suas réplicas foram bem construídas, ao ponto de reverter a fala imagética de Jatene por meio de dados mais precisos que os que ele oferecia. É isso mesmo que tinha que fazer. A ressalva que faço e, para mim, o problema básico da sua argumentação, é que falta encadeamento entre os dados da resposta: falta certa coesão, o que se corrige cortando referências paralelas ao assunto tratado. No conjunto, eles fazem efeito, mas seria mais impactante, penso, uni-los por meio de conectivos, no estilo: apara-levanta-corta-ponto.

Para concluir, impossível não observar o despreparo do mediador. Chegou a roubar a cena do debate e, o que é pior, atrapalhar os candidatos.

Comentários

Anonymous disse…
Super isenta sua análise.
Ana Júlia foi péssima.
Laila Amorim disse…
Caro Fábio, boa percepção a sua. Gosto de ler suas impressões porque elas tomam posição claramente, mas também sabem fazer crítica e quando é o caso autocrítica. Não ficam babando sobre o ovo ou puxando saco. Aqui no seu blogue da para encontrar equilíbrio, respeito e cuidado. Obrigada.
Anonymous disse…
Falas do PSOL com nostalgia do PT... Na verdade essa imagem de um PT ideal deveria ser uma imagem também cultiva no próprio PT, não achas?
Cláudio Santa Brígida disse…
Concordo com tudo, menos com o que tu dizes a respeito da AJ. Apesar de ser eleitor dela e da Acelera Pará, penso que nossa governadora não demonstrou tanta segurança assim como você afirmou. Acho que as coisas não estão indo tão bem assim, mas vamos em frente, que ganhamos mais essa.
Ao Anônimo das 15h35: O PSOL tem um papel histórico, que é ser o grilo falante do PT. Isso é fundamental, porque o PT está na batalha, e o PSOL a idealiza. É sempre bom ter vozes que falam à consciência.
Laila e Anônimo das 11h30: análises isentas demandam votos sábios e pacientes.
Claudio: AJ estava bem. Sei qudo ela está confiante. Não usarei outros qualificativos desnecessários. Confiança.

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