Mais um trecho da entrevista sobre A Cidade Sebastiana:
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Holofote Virtual: A expressão “terra do já teve” tem haver com estas memórias de opulência deixadas na cidade de Belém pelo ciclo da borracha e que abordas no livro?
Fábio Castro: Sim. A experiência social do ciclo do látex foi de abundância. A oferta de bens de consumo era imensa em Belém, propiciando uma cultura material luxuosa para os que podiam pagar por ela. Por sua vez, a crise econômica na qual a cidade mergulhou, posteriormente, constituiu uma experiência de privação que, para a burguesia local e para setores medianos da sociedade teve contornos dramáticos.
O “já teve” tem duas dimensões: uma empírica, em função do fato de que essa abundância material deixou de existir, e outra no campo da subjetividade coletiva, motivada pelo impacto repentino da perda. Agora, se há uma associação entre o ciclo do látex e o “já teve”, isso não quer dizer que o ciclo do látex é a única experiência histórica associada ao “já teve”.
Toda a história da Amazônia é uma longa reiteração da experiência social de derrota e de perda. Nesse sentido dá para ver o ciclo do látex também como uma renovação dessa memória social de derrota histórica.
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