Reproduzo o editorial lido por Alberto Dines no programa Observatório da Imprensa na TV nº 572, exibido em 16/11/2010 pela Rede Brasil e sobre o qual repliquei matéria, neste blog, ontem:
Cobertura passada a limpo
Quando a mídia é notícia, um dos dois tem problemas – a mídia ou a notícia. No nosso caso é diferente, quando a mídia é notícia, tanto a mídia como a notícia estão complicadas. Isto ficou visível exatamente há uma semana, durante e em seguida ao seminário internacional sobre convergência de mídias.
A mídia brasileira, impressa ou eletrônica, sofre de uma visível alergia à exposição pública. Não é modéstia ou discrição, parece ser uma aversão à transparência. Ela que tanto clama por claridade e limpidez, justamente quando os holofotes se voltam para ela, o resultado sai truncado.
Ora, a mídia e a imprensa são ferramentas da sociedade, ela não apenas precisa saber o que se passa no campo da comunicação, mas tem o direito inalienável de ser informada com precisão sobre tudo o que lhe diz respeito. E justamente nesta questão crucial a mídia oferece ao seu público um material informativo distorcido e manipulado.
A controvérsia é simples: a mídia não admite qualquer regulação porque considera regulações como interferência e ameaça à sua independência. Sob o ponto de vista teórico, é correta esta posição das corporações de mídia. Mas há regulações e regulações, há restrições arbitrárias e restrições necessárias.
Nossa Carta Magna, por exemplo, interfere na programação de TV obrigando-a a ajustar-se às faixas etárias. Nos Estados Unidos, pátria da livre iniciativa, uma comissão do Senado criada há mais de 70 anos impede a concentração de empresas de mídia numa mesma cidade. Neste mundo globalizado, interdependente, sujeito a tantas bolhas e rupturas, sem um mínimo de regulação, teremos o caos.
A cobertura do seminário de Brasília foi capenga, para dizer o mínimo. Precisa ser passada a limpo. É o que pretendemos nesta edição do Observatório da Imprensa.
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