A semana começa com o gosto amargo do acidente de sábado com o prédio da Real. E deve ser assim, para que a indignação geral ajude a cobrar mais da frente de resgate, da construtora e do poder público. Os fatos precisam ser apurados, mas não serao, se depender da experiência geral de Belém, cidada acostumada a esquecer e a, em geral, não agir coletivamente.
Achei o tom da coletiva dada pelos proprietário da construtora Real, a responsável pela obra, meramente afetivo. É preciso objetividade, neste momento. O momento não é de evocar Deus, é de sistematizar a relação de causas possíveis para o acidente, integralizar a relação das vítimas – desaparecidos e desalojados – e relacionar todas as providencias que estão sendo tomadas.
Tudo segue muito disperso. A imprensa cobre o assunto muito envolvida pela tragédia. Repórteres com olhos assustados, câmeras em incontidos movimentos de zoom e páginas de jornal com retrancas puxadas.
Precisamos de pragmatismo e de respostas. Precisamos saber o que informa o Plano Diretor de Belém a respeito, o que dizem os estudos geológicos sobre essa história de “falha” e, sobretudo, esquecer essa bobagem, essa história ridícula, de que o prédio foi derrubado por um raio (sinceramente!…).
É preciso que o poder público, ou seja, a Prefeitura de Belém, juntamente com o Crea, esclareçam sobre a razão pela qual persistem concedendo licenças para que prédiso de mais de 30 andares sejam construídos em Belém. O limite não deveria ser um terço disso?
Bom, a notícia importante do dia, não surgindo fatos novos consistentes, é que os operários da construção civil irão parar, hoje, e fazer um protesto sobre a situação. Será um dia de luto pela tragédia.
A paralisação de todos os canteiros de obras da cidade para a concentricão de um ato público é um evento importante. Não é à toa que mais de 400 acidentes de trabalho, na construção civil, foram registrados em 2010.
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