Ocupando a 140a posição numa lista com os 175 país com menor grau de liberdade de imprensa e sendo o 9o país do mundo mais perigoso para jornalistas (o Brasil é o 12o) (veja no quadro ao lado), a Rússia vive uma cena midiática caótica.
Reproduzo o trecho seguinte, de uma matéria publicada na revista Época desta semana:
"Embora não exista censura oficial, as pressões de bastidor e a autocensura se institucionalizaram. Ao longo de seus dois mandatos, Putin investiu contra os três principais canais de TV do país, que concentram quase toda a audiência e recebem 60% do bolo publicitário russo, estimado em US$ 10 bilhões por ano. Hoje, dois canais são controlados diretamente pelo governo, e o outro pela Gazprom, a estatal de gás. Os telejornais se limitam a veicular informações favoráveis às autoridades. Os críticos e opositores são banidos do noticiário. “O governo controla completamente a TV”, diz o jornalista Vladimir Pozner, um ex-comunista que era um dos principais porta-vozes do regime e hoje comanda um programa de entrevistas no Canal 1, 100% estatal. “Os diretores dos três maiores canais vão ao Kremlin toda semana e recebem instruções sobre o que o governo deseja ver, sobre como as coisas devem ser apresentadas no noticiário.”
No interior, com frequência, os pequenos veículos independentes tornam-se alvo da ação de criminosos ligados a autoridades regionais. A maioria dos assassinatos de jornalistas russos envolve profissionais que investigavam negociatas feitas por empresas estatais e pelo governo fora dos grandes centros. Raramente os crimes são investigados. Até hoje, porém, não se tem notícia de um jornalista que tenha sido morto a mando direto do governo federal. “A coisa não vem de cima, vem do clima geral”, diz Anton Nossik, um dos blogueiros mais populares da Rússia (leia a entrevista)”. A internet, que alcança 53 milhões de russos, ou 45% da população adulta, e recebe 17% da verba publicitária, até agora tem se mantido como uma espécie de território livre. Na web, vozes independentes podem dar seus recados sem ser molestadas pelas autoridades.
Veículos, como o Novaia Gazeta, que preservam sua independência costumam sofrer dificuldades financeiras porque os anunciantes não querem se indispor com o governo. Segundo Iarochevski, o Novaia Gazeta vende cerca de 270 mil exemplares e sobrevive graças às contribuições mensais do oligarca Alexander Lebedev, que detém 39% das ações do jornal e controla também os britânicos The Independent e o Evening Standard. O ex-líder soviético Mikhail Gorbatchev, que iniciou as reformas políticas e econômicas dos anos 1980, detém outros 10%, e o editor-chefe Dmitri Muratov, representando a redação, 51%. De acordo com o jornalista Pozner, a liberdade de imprensa na Rússia é inversamente proporcional à audiência do veículo. “O número de pessoas que leem jornais e revistas é muito pequeno, se comparado com os que veem televisão”, afirma. “Por isso, o que importa para o governo são os grandes canais de TV.”
"Embora não exista censura oficial, as pressões de bastidor e a autocensura se institucionalizaram. Ao longo de seus dois mandatos, Putin investiu contra os três principais canais de TV do país, que concentram quase toda a audiência e recebem 60% do bolo publicitário russo, estimado em US$ 10 bilhões por ano. Hoje, dois canais são controlados diretamente pelo governo, e o outro pela Gazprom, a estatal de gás. Os telejornais se limitam a veicular informações favoráveis às autoridades. Os críticos e opositores são banidos do noticiário. “O governo controla completamente a TV”, diz o jornalista Vladimir Pozner, um ex-comunista que era um dos principais porta-vozes do regime e hoje comanda um programa de entrevistas no Canal 1, 100% estatal. “Os diretores dos três maiores canais vão ao Kremlin toda semana e recebem instruções sobre o que o governo deseja ver, sobre como as coisas devem ser apresentadas no noticiário.”
No interior, com frequência, os pequenos veículos independentes tornam-se alvo da ação de criminosos ligados a autoridades regionais. A maioria dos assassinatos de jornalistas russos envolve profissionais que investigavam negociatas feitas por empresas estatais e pelo governo fora dos grandes centros. Raramente os crimes são investigados. Até hoje, porém, não se tem notícia de um jornalista que tenha sido morto a mando direto do governo federal. “A coisa não vem de cima, vem do clima geral”, diz Anton Nossik, um dos blogueiros mais populares da Rússia (leia a entrevista)”. A internet, que alcança 53 milhões de russos, ou 45% da população adulta, e recebe 17% da verba publicitária, até agora tem se mantido como uma espécie de território livre. Na web, vozes independentes podem dar seus recados sem ser molestadas pelas autoridades.
Veículos, como o Novaia Gazeta, que preservam sua independência costumam sofrer dificuldades financeiras porque os anunciantes não querem se indispor com o governo. Segundo Iarochevski, o Novaia Gazeta vende cerca de 270 mil exemplares e sobrevive graças às contribuições mensais do oligarca Alexander Lebedev, que detém 39% das ações do jornal e controla também os britânicos The Independent e o Evening Standard. O ex-líder soviético Mikhail Gorbatchev, que iniciou as reformas políticas e econômicas dos anos 1980, detém outros 10%, e o editor-chefe Dmitri Muratov, representando a redação, 51%. De acordo com o jornalista Pozner, a liberdade de imprensa na Rússia é inversamente proporcional à audiência do veículo. “O número de pessoas que leem jornais e revistas é muito pequeno, se comparado com os que veem televisão”, afirma. “Por isso, o que importa para o governo são os grandes canais de TV.”
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