O parlamento de Israel, o Knesset, começou a debater uma questão que esquenta o debate público de lá: se o Estado de Israel deve, ou não, se defuinir como um “estado judeu”. Alguns perguntam: pode um Estado ser, ao mesmo tempo, democrático e proclamar-se teológico?
A idéia de fazer essa escolha e colocá-la na Constituição, é o primeiro ministro Benyamin Netanyahou, apoiado por seus aliados de extrema direita. Seu mentor é o minsitro das relações internacionais, Avigdor Liberman. Se esse caminho for adotado, traz junto uma outra imposição: de que a lei hebraica deve passar a servir de “fonte de inspiração ao legislador”.
A imprensa israelense debate diariamente essa questão. Fala-se em “guerra cultural” e em retrocesso da democracia para a teocracia.
A idéia parece ser uma resposta radical para a angustia existencial que, certamente, está presente na subjetividade judia – ao menos dos judeus habitantes de Israel. Quando eles olham para o futuro vêem um cenário sinistro, no qual os árabes serão cada vez mais números e fortes e eles, um estado não aceito, não assimilado.
O preço de um acordo de paz – que, todos sabem, começa com a transferência de 100 mil colonos instalados na Cisjordânia – seria não apenas alevadíssimo como também iria provocar imensa fratura na sociedade israelense.
De longe não percebemos Israel muito bem. Porém, é evidente que as fraturas sociais são imensas naquela sociedade, pois são muito diversos os estratos da imigração: diversos os judeus que lá chegaram, diversas suas línguas maternas, diversas suas experiências culturais. E ainda há a diferença entre religiosos e laicos.
Desse ponto de vista, é possível entender de onde parte a percepção da proposta de oficializar Isarel como “estado judeu”: como tentativa de promover a coesão interna.
Mas a que custo, não?
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