Pular para o conteúdo principal

Ainda sobre Gore Vidal

Comentei aqui, num post anterior, sobre a morte de Gore Vidal - a meu ver, um grande autor e, fascinantemente, um intelectual que sabia atuar politicamente, estando presente nos grandes debates públicos dos últimos 50 anos da história norte-americana. Ler seus romances e seus ensaios sempre me deu um grande prazer.

Acompanhei o que dele se escreveu pela imprensa do mundo, depois de sua morte e fiz uma pequena seleção do muito que foi dito a seu respeito. Partilho com vocês.

Para começar, a engraçadíssima correção feita pelo New York Times ao seu obituário sobre o autor, escrito elegantemente por Charles McGrath, afirmando que Gore Vidal teve, sim, relações sexuais com seu parceiro, Howard Austen - falecido em 2003.

Adorei ler o texto do The Daily Beast, narrando como Gore Vidal compôs o adorável vilão de de sua primeira novela, The Mayor’s Tongue:
I wanted to create a villain who combined in himself all of the most intimidating qualities of every great American writer of the 20th century. He would be a world-famous author of not just novels but short stories, essays, dissident manifestos, plays, memoirs, screenplays; he would possess the high erudition of Saul Bellow, the self-regard of Vladimir Nabokov, the political yearnings and preening grandiosity of Norman Mailer, the corroding wit of Dorothy Parker, the charisma and physical attractiveness of a young F. Scott Fitzgerald, and the wary, war-tested bravado of Ernest Hemingway.
Perceberam a influência de Gogol? Pois é. Para mim, ler Gore Vidal era reencontrar Gogol. Por sua verve, por sua acidez quanto à política e quanto ao humano. E com alguns toques ecianos.

Também encontrei um texto da Vanity Fair de 1995, que, com uma pitada de escândalo, mostra seu cotidiano feliniano, paradoxalmente próximo da vida política, da vida cultura e da vida do high-society.

O artigo que o The Independent escreveu sobre ele também foi muito legal, traduzindo os detalehes das suas autobiografias: da mãe maluca à pernóstica madrasta (mãe de Jacqueline Kennedy). Ah, e da proximidade com os deuses da literautura norte-america do século XX: Tennessee Williams, Christopher Isherwood, EM Forster, e William Faulkner. Aliás, o The Independent foi prolífico na cobertura da morte do escritor: também publicou um artigo sobre o papel de Gore Vidal na crônica da história norte-americana, outro sobre seu papel na formação da "consciência nacional"

Uma entrevista no sempre excelente The Guardian e outra, narrada por Ricardo Setti, no site da Veja

Ah, e também assisti a um trecho da peça teatral The Best Man, um primoroso relato de Vidal sobre a disputa presidencial norte-americana.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eleições para a reitoria da UFPA continuam muito mal

O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de

Leilão de Belo Monte adiado

No Valor Econômico de hoje, Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, informa que o leilão das obras de Belo Monte, inicialmente previsto para 21 de dezembro, será adiado para o começo de 2010. A razão seria a demora na licença prévia, conferida pelo Ibama. Belo monte vai gerar 11,2 mil megawatts (MW) e começa a funcionar, parcialmente, em 2014.

Ariano Suassuna e os computadores

“ Dizem que eu não gosto de computadores. Eu digo que eles é que não gostam de mim. Querem ver? Fui escrever meu nome completo: Ariano Vilar Suassuna. O computador tem uma espécie de sistema que rejeita as palavras quando acha que elas estão erradas e sugere o que, no entender dele, computador, seria o certo   Pois bem, quando escrevi Ariano, ele aceitou normalmente. Quando eu escrevi Vilar, ele rejeitou e sugeriu que fosse substituída por Vilão. E quando eu escrevi Suassuna, não sei se pela quantidade de “s”, o computador rejeitou e substituiu por “Assassino”. Então, vejam, não sou eu que não gosto de computadores, eles é que não gostam de mim. ”