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Umas notas sobre o ano de 2013 para a comunicação


Nada de novo no horizonte dos jornais. Nada de novo significa que eles continuam sendo fechados e que centenas de jornalistas e de outros profissionais da comunicação vão sendo demitidos.
Em 2012, a França e a Alemanha perderam dois jornais diários cada uma: France-Soir e Tribune, na primeira e o Financial Times Deutschland (FTD) e o Frankfurter Rundschau, na segunda.
Os dois diários alemães fecharam as portas num espaço de dez dias. O prestigiado Financial Times Deutschland (FTD) era o principal veículo do grupo Gruner + Jahr, uma das empresas editoras mais importantes da Europa, com uma faturação anual de 2.300 milhões de euros.
Seu fechamento é um indicativo de acirramento da “crise dos jornais” – ou, ao menos, que ela também atinge a Alemanha, que parecia melhor protegida, nesse campo. O país possui uma importante cultura de leitura de jornais, mas a conjuntura do crescente impacto da Internet sobre a imprensa escrita com a crise financeira se mostrou insuperável. Cabe lembrar que, no terceiro trimestre de 2012, a atividade econômica da Alemanha cresceu apenas 0,2%.
O fechamento do FTD colocou no desemprego 320 trabalhadores, metade dos quais jornalistas.
Em Portugal, o excelente Público, demitiu 48 funcionários de um total sobre 250. O grande diário espanhol El País, o carro-chefe do grupo Prisa, mostrou uma redução de 60% de sua receita com publicidade entre 2007 e 2012. 149 jornalistas, o equivalente a 1/3 da força de trabalho do jornal, foram demitidos. Na Itália, o principal grupo editorial italiano, RCS Media Group, anunciou um plano de reestruturação e de redução drástica de 10% de sua força de trabalho, mais de 5.100 funcionários, incluindo cem demissões no principal jornal italiano, Corriere della Sera. Na Grécia três jornais (o Apogevmatini, o Vima e o Eleftherotypia) foram fechados.
Nos EUA, a Newsweek, que perdeu metade dos seus leitores em 20 anos, abandonará a edição impressa até o fim deste ano e o New York Times anunciou mais um programa voluntário de demissões.
O modelo dos “paywalls” tem remediado a situação do “The New York Times”, mas não parece estar de acordo com a agilidade tecnológica em curso. Talvez seja um modelo adequado para uma situação intermediária, afinal cerca 300 outros sites nos Estados Unidos, inclusive o Washington Post o adotaram ou estão em curso de fazê-lo.
Uma pesquisa feita em 2012 pela da Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias Mídia (WAN-IFRA) indicou que, entre 2010 e 2011, a circulação de jornais na Europa caiu 3,4% e 4,3% na América do Norte e aumentou 3,5% na Ásia e 4,8% no Oriente Médio e Norte da África.
O que está claro é que o futuro dos jornais passa pelos tablets, que venderam mais 13 milhões de exemplares, só na Europa, em 2011. A mesma pesquisa indica que o tempo gasto lendo artigos de jornais aumentou 75% entre os usuários de tablets, Na Grã-Bretanha, o Times oferece um tablet a preço reduzido  por uma assinatura de 18 meses
Nesse cenário, segundo o Libération, cabe destacar que a Europa juntou-se numa frente comum por uma “Lex Google”. Alemanha, França e Itália logo foram seguidas por Bélgica, Suíça e Portugal. Editores de jornais históricos nesses seis países estão pedindo a seus governos a adoção de uma  legislação que obrigue o Google a pagar direitos equivalentes ao de autor em troca de indexação de seus conteúdos online.
Na França, um mediador foi nomeado para facilitar as negociações entre os editores de jornais e o motor de busca. O governo deixou que as partes negociem até o final do ano. Se não houver acordo, será a lei.
No Brasil, a tendência é semelhante, mas o que chama atenção é o retardo do país em relação à tendência latino-americana de regulamentação e democratização das comunicações.
Ao contrário de seus vizinhos sul-americanos, o país não avançou nada em relação ao assunto. O que impressiona é que se trata de um governo “democrático e popular” e assentado em bases institucionais mais sólidas que oe vizinhos. Ou não?
Em abril de 2011 o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, garantiu que "até dezembro" submeteria a consulta pública, o ante-projeto de uma nova Lei Geral de Comunicações. Dois dezembros já passaram e nada...

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