Crônica 9:
St. Paddy's Day
Todo mundo gosta dos irlandeses. Eles são alegres, brincalhões e afetuosos. São também solidários e generosos. São o que os brasileiros gostariam de ser, ou o que gostam de dizer que são – mas não vou entrar em detalhes de psicologia social e de tipos ideais. Gostaria apenas de comentar o St. Patrick’s Day, ou o Paddy’s Day que ocorreu no domingo passado.
St. Paddy's Day
Todo mundo gosta dos irlandeses. Eles são alegres, brincalhões e afetuosos. São também solidários e generosos. São o que os brasileiros gostariam de ser, ou o que gostam de dizer que são – mas não vou entrar em detalhes de psicologia social e de tipos ideais. Gostaria apenas de comentar o St. Patrick’s Day, ou o Paddy’s Day que ocorreu no domingo passado.
Saint Patrick é o
padroeiro da Irlanda. Na Irlanda e em
todas as cidades do mundo que possuem fortes comunidades irlandesas, ocorre uma
festa pública. É o caso de Montreal. Durante quase todo o dia uma das
principais ruas da cidade, a Sainte-Catherine, é fechada para as festas. Tudo
começa com uma parada, aberta por uma estátua de isopor gigantesca de St.
Patrick. Seguem-se três horas de desfile, que reúne todas as instituições,
associações e empresas irlandesas da cidade.
Desfila todo mundo: padres irlandeses, políticos irlandês, astros e
misses irlandesas, bandas, atletas e uma pancada de velhinhos e velhinhas, os
oldies: alguns em cadeira de rodas, homenageados por batalhões de jovens que
disputam a honra de empurra-lo, e outros em carros de luxo. Todos acenando. As
calçadas ficam cheias de gente. É o Paddy Day de Montreal.
E todos os bares e restaurantes das proximidades participam: inventam
pratos, dão descontos e oferecem hectolitros múltiplos de cerveja irlandesa. O
dia, aliás, é hidratado à cerveja.
Aqui em Montreal essa festa acontece desde 1824. O historiador Don Pidgeon
afirma, no entanto, que já se comemorava o Paddy's Day, de maneira mais privada,
sem a parada, em 1759.
Alguns dizem que que a parada de Montreal é a mais antiga da América do
Norte, mas como revelou, há alguns anos, o New York Times, isso não é verdade:
a parada americana do Paddy’s Day de Nova York acontece desde 1762, ou seja, 14 anos
antes a independência americana. E dá para ir ainda mais longe: o Paddy’s Day
de Boston é comemorado desde 1737, embora de maneira descontínua, durante
vários anos dos séculos XVIII e XIX.
As estimativas
dizem que cerca de 500 mil imigrantes irlandeses se instalaram em Montreal
durante todo o século XIX. Um número desses marca uma cidade. Sua casa era o
bairro de Grifftown, hoje um espaço histórico, também conhecido, aqui, como The
Griff.
Percebendo o Paddy’s Day vejo como a cultura irlandesa
é penetrante em Montreal. A Irlanda torna Montreal ainda mais católica e ainda
mais boêmia.
O que é tradicional, côté boison, é beber ceveja escura e whiskey
– não raro juntos. Aliás, saiba-se que é o único dia do ano que a lei autoriza as pessoas a beberem na rua. Os irlandeses são reputados pela boêmia. Aliás, já providenciei
minha lista de irish pubs, para ir visitar. O mais conhecido é o McKibbins, frequentado
por centenas de estudantes da McGill University, mas há vários outros: o Hurley’s, na famosa Crescent Street (a
rua mais badalada de Montreal); o Ye Olde Orchand, no bairro intelectual do
Plateau; o McLeans, que garante não ter “preços ultrajantes” e o Irish Embassy,
famoso por suas fish & chips. Já conhecemos alguns, com destaque para o Irish Pub, na avenue Saint-Laurent.
Mas por hora, voltemos a Paddy. A festa marca o dia da sua
morte. Patrick foi um missionário cristão morto no ano 387. Aos 16 anos ele
havia sido capturado e tornado escravo. No cativeiro, tornou-se muito religioso
e seis anos depois conseguiu retornar para sua família. Não sei os detalhes,
mas ele se tornou missionário e foi o responsável pela conversão de dezenas de
milhares de irlandeses ao catolicismo.
Sim, e tem a história das cobras. Bom isso é confuso, mas
se sabe que ele livrou o país das serpentes. Não entendo direito, mas ainda que
as evidências arqueológicas indiquem que não há serprentes na Irlanda há pelo
menos 10 mil anos, sabe-se que ele livrou a Irlanda das serpentes.
Pode ser uma metáfora. Talvez isso significa os druidas,
os pagãos, os bretãos místicos de antigamente. A cambada sem Deus. Por aí.
Tem-se que ele foi morto, martirizado, em 17 de março (seu
dia) do ano 461 ou 493 – conforme a fonte. Foi queimado em frente à catedral
Down, em Downpatrick, contado de Down.
A Irlanda tem outros dois patronos, além dele: St Brigid
of Kildare and St Columba, mas Patrick é o xuxu dos irlandeses.
Seus símbolos são a cor verde e o shamrock, uma plantinha
simpática, que também é o símbolo da Irlanda. Shamrock é o que chamamos por
trevo – mas não é o trevo de quatro folhas, ao qual atribui-se, como se sabe, o
condão da sorte. Só que também traz boa sorte.
Ok guys, é isso mesmo, todo trevo dá boa sorte. Basta ser
trevo.
Contanto verde.
Fábio Fonseca de Castro
Comentários
Boa escolha. Montreal é um centro de excelência na área da comunicação institucional. Veja este site, da UdeM, feito especificamente para futuros alunos brasileiros, sobre os procedimentos de candidatura e inscrição: http://www.futursetudiants.umontreal.ca/brasil/index.html
Abços,
Fabio.