Morreu em Paris, na semana passada, o sociólogo Michel Crozier. Ele pertencia ao grupo de intelectuais franceses nascidos no período entre guerras, cujo originalidade intelectual e metodológica ultrapassou rapidamente as fronteiras francesas. Nascido em 1922, no Marne, graduou-se HEC Paris e fez obteve licenciatura em Direito (1949). Em seguida partiu para os Estados Unidos, para uma pesquisa de campo de 14 meses sobre os sindicatos. Ao longo dessa experiência encontra outra maneira de viver e organizar a sociedade que o marcou para sempre. Retornando à França, desenvolveu trabalhos que o tornaram o "pai da análise estratégica", expressão que designa tanto uma abordagem sociológica específica como um método de análise das organizações.
No meio acadêmico e científico, Michel Crozier não escondeu seu ressentimento contra a evolução da sociologia francesa, que julgou de dividida e sem grandes ambições intelectuais. Lamentou papel de Pierre Bourdieu. no que denominou, em entrevista à revista Annales, de "balcanização da sociologia", fazendo com que a disciplina se compartimentalizasse em setores como sociologia da educação, da saúde, da cultura, etc... Croizier também denunciou a "colonização" das ciências humanas pela sociologia de Bourdieu, apoiada de maneira decisiva pelo jornal Le Monde.
Seu trabalho, ao contrário, procurou pensar a sociologia com uma perspectiva geral e humanista, sem perder de vista a tradição de diálogo com a política e a economia. Em 1962 ele fundou o Centro de sociologia das organizações (CSO). Algumas de suas obras são: "O fenômeno burocrático" (1964), "A sociedade bloqueada" (1970), "A crise da democracia" (1975), "O ator e o sistema" (1977), "A crise da inteligência" (1995), "Minha belle époque: memórias 1" (2002) e "À contre-courant: mémoires 2" (2004), dentre outros.
Comentários