Outra vez em Montreal. Acabei indo e vindo,
vindo e indo, meio sem saber diferenciar o que é estar do que é ficar. Fui em
janeiro, voltei em fevereiro, retornei em março e revim outra vez antes de
março acabar. O que me traz de volta é o compromisso de concluir minha pesquisa
e de abrir os caminhos, ganhar novos espaços de publicação e diálogo.
Compromisso. Compromissos trazem de volta. Me trazem de volta. Trazem-nos,
vocês, eu, de volta. Compromissos são sempre boas desculpas para estarmos de
volta.
Sozinho em Montreal e com a única tarefa de
ler e escrever, estou quase habitando bibliotecas. Duas, a da UdeM e a Grande
Biblioteca, em particular. Isso também é estar de volta. Retornar a um diálogo que
se não é eles é mesmo comigo, com o que penso que ele disseram. E eles, no
caso, bem, eles são essa gente que leio, que retorno a ler, que releio.
Heidegger, Gadamer, Ricoeur, Derrida... E outros ainda, as vozes literárias que
falam comigo ao mesmo tempo em que eles falam com elas.
A Marina me disse que Montreal significou,
para mim, Heidegger e Proust. Duas paixões antigas nas quais pude mergulhar com
muito mais intensidade.
E vocês não imaginam como as bibliotecas
daqui são ricas. O que encontrei aqui não encontro nem na internet. E não à
base de um ou outro texto, mas sim à base de centenas de livros, de centenas e
centenas de artigos. Lendo um mínimo de seis horas por dia, durante um ano e
meio, vocês não imaginam a quantidade de questões abertas e a carga afetiva que
as envolve.
Questões abertas trazem de volta. Cargas
afetivas trazem de volta. Bibliotecas trazem de volta.
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