Impressionante como a imprensa brasileira se
posicionou contra criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e do
correspondente fundo estratégico, pelos cinco BRICS - Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul. Uma postura que não é inesperada. Impressionante, mas
não inesperada. Em meio ao apagão crítico que atravessa, inebriada por um
militantismo anti-PT, a imprensa brasileira se abstêm tanto de criticar o
governo onde ele precisa ser criticado como de reconher as iniciativas
importantes para a sociedade e o Estado brasileiro.
A criação do Novo Banco de Desenvolvimento é
uma dessas iniciativas importantes. Ela tem uma dimensão geopolítica maior, na
conjuntura mundial. Dá aos BRICs o poder de questionar e de propor alternativas
aos modelos econômicos impostos pelo FMI e outras instituições lideradas pelos
países centrais, pois se conforma como uma alternativa ao FMI. Trata-se de um
fato novo e maior da geopolítica mundial
e que consolida o aspecto multilateral da conjuntura internacional.
Os BRICs possuem uma densidade econômica e política
que sustenta e justifica criação do NBD. A magnitude da economia dos BRICs, na
cena mundial, é gigantesca. Em seu conjunto, seu PIB soma R$ 15,8 trilhões – 19%
do PIB mundial, o equivalente ao PIB dos EUA. No seu atual ritmo de crescimento, representará 1/4 do PIB mundial já em 2015. Sua população, de 3 bilhões de pessoas, representa cerca de 38% da população do planeta. A economia dos BRICs
– e em particular sua estratégia comum de gerar empregos – foi um dos elementos
centrais na redução dos efeitos da crise financeira internacional de 2008.
A participação do Brasil no grupo dá uma dimensão
inédita à política exterior do país. Consolida a posição de auto-determinação
que vem sendo construída pela diplomacia nacional e amplia imensamente seu
papel na América Latina, pois a criação do NBD o torna o principal avalista das
relações que os países do continente poderão ter com o banco. A realização simultânea da VI Cúpula de Chefes de Estado e de Governo, organizada pelo Brasil, ressalta essa tendência e aproxima toda a América Latina do grupo BRIC, sob a liderança brasileira.
Outra vantagem - válida para todos os países membros - é a implementação de parcerias e acordos de cooperação entre eles. O volume de trocas entre os 5 países é hoje de US$ 250 bilhões por ano, e, com os acordos fechados nesta rodada de negociações, chegará a US$ 500 bilhões no ano que vem.
Outra vantagem - válida para todos os países membros - é a implementação de parcerias e acordos de cooperação entre eles. O volume de trocas entre os 5 países é hoje de US$ 250 bilhões por ano, e, com os acordos fechados nesta rodada de negociações, chegará a US$ 500 bilhões no ano que vem.
A criação desse banco surge de um debate maior,
levado ao G-20 pelos quatro BRICs com insistência: a necessidade de reformar as
instituições financeiras multilaterais, centralmente do FMI. O fato é que o FMI
e essas outras instituições não refletem a transformação do poder mundial.
Países como os BRICs não estão representados de acordo com seu papel econômico
e politico e, nesse sentido, a criação do NBD constitui uma resposta política
forte.
A presidenta Dilma deu uma declaração
explicitando sua posição: “Nós não temos
o menor interesse em abrir mão do Fundo Monetário. Pelo contrário, temos
interesse em democratizá-lo, tornar o mais representativo. O novo Banco dos
Brics não é contra, ele é a favor de nós”.
Excelente. É isso mesmo. Pena que a mídia
brasileira prefere avaliar negativamente um acontecimento tão imporante para a
soberania do país.
Comentários
Ao menos um veículo discutiu com mais profundidade essa questão: o programa Espaço Público, da Rede Brasil, recebeu o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães. Foi uma entrevista excelente. Olhe aqui: http://tvbrasil.ebc.com.br/espacopublico/episodio/embaixador-samuel-pinheiro-guimaraes-e-o-entrevistado-do-espaco-publico
http://blog.planalto.gov.br/fmi-parabeniza-presidenta-dilma-pela-cupula-do-brics-e-criacao-do-arranjo-contingente-de-reserva/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=fmi-parabeniza-presidenta-dilma-pela-cupula-do-brics-e-criacao-do-arranjo-contingente-de-reserva
J.P.
J.P.
E junto com isso a China também propôs aos países da América Latina o lançamento de uma linha de crédito preferencial, dentro de um banco chinês, que poderá chegar a outros US$ 10 bilhões e 6 mil bolsas de estudo para a América Latina.
Isso é diplomacia de resultados. Destaca isso, Fábio.