Hoje publiquei no Diário do Pará um artigo chamado “UFPA: entre a
tecnocracia e o humanismo”. Esse artigo foi motivado, é
claro, pelo enfrentamento que vivenciamos, eu e alguns colegas da Faculdade de
Comunicação, e que tornamos público por entender que a universidade pública
precisa ser defendida com apoio da sociedade.
Pois bem, fico feliz em saber que, ao menos neste caso, o humanismo
venceu a tecnocracia. E estou muito feliz em compartilhar essa notícia com
todos aqui, ao mesmo tempo em que o artigo foi publicado. Explico:
1. Na última terça-feira um grupo de professores da Faculdade de
Comunicação e o Centro Acadêmico do Curso de Comunicação, o Caco, divulgaram
manifestos em solidariedade à prof. Alda Costa e mim, em relação ao nosso
enfrentamento no Programa de Pós-graduação Comunicação, Cultura e Amazônia. Eleitos
a 6 de junho para coordená-lo, não apenas não conseguimos assumir como também
vivenciamos um verdadeiro assédio moral, por parte de alguns membros do seu
colegiado; o que motivou, depois de diversas tentativas de superar o problema e
de recorrermos ao Conselho do Instituto de Letras e Comunicação, em fim, nosso
pedido de descredenciamento do programa.
2. Em seus manifestos de apoio, professores e alunos do curso de Comunicação
pediam para que reconsiderássemos nosso pedido de descredenciamento. Na
quarta-feira, o Conselho da Faculdade de Comunicação, após reunião, divulgou
nota de solidariedade e de apoio à nossa posição. A prof. Alda Costa e eu
aceitamos voltar atrás de nosso pedido de descredenciamento.
3. Na quinta-feira, em reunião da Congregação do Instituto, o caso
foi longamente debatido. De posse dos documentos necessários
(finalmente a ata do dia 06.06 chegou ao Conselho), o ILC decidiu solicitar
imediatamente a emissão da portaria de nomeação dos professores Fabio Castro e
Alda Costa para a direção do PPGCOM. Esse entendimento foi praticamente
unânime, com exceção apenas de um voto, dos representantes discenters do
Ppgcom, que se abstiveram.
4. Nessa reunião também foi apreciado
documento enviado pela coordenação do Ppgcom, exigindo uma resposta ao que
chama de "intervenção" da Congregação no programa, mas os argumentos
ali presentes foram desmontados pela simples leitura contextual de todo o
processo. A decisão da Congregação dizia respeito ao cumprimento de um processo
administrativo absolutamente dentro da sua alçada que não fora cumprido e
estava já fora do prazo. Mesmo porque se o regimento interno do Ppgcom não fala
em prazo para a transição, a Resolução para os Programas de Pós-Graduação da
UFPA (em seu art. 15, alínea "n"), diz claramente que o tempo máximo
para divulgar oficialmente e encaminhar o resultado de uma eleição na pós é de
"no máximo 30 dias". Nessa reunião caíram por terra todos os
argumentos centrados num falso legalismo para esticar uma “transição” por mais
de 90 dias.
5. Na sexta-feira a coordenação do
Instituto encaminhou à Reitoria a ata de nossa eleição, solicitando nossa
imediata nomeação e posse.
Ao final desse longo e cansativo processo temos uma vitória a
comemorar. Ela não seria possível sem que o debate viesse à público e que a
sociedade se manifestasse. Ela não seria possível sem a manifestação de
inúmeros professores e alunos de toda a UFPA. Agradeço pela “chuva” de
mensagens de apoio, vindas de todos os cantos da universidade e de fora dela.
Como disse, temos uma vitória a comemorar. E penso que é mais que
uma vitória localizada num dado nó burocrático de uma instituição. Penso que é
a vitória dos que acreditam na universidade pública como uma instituição viva e
politizada, e não como uma mera organização, fria e morta, passível de ser
ocupada por interesses individuais e mascarada por estratagemas burocráticos.
Espero que a UFPA do futuro seja uma verdadeira instituição humanista,
e não uma mera organização tecnocrática. É isso que teremos em mente quando, em
fim, na semana que entra, assumirmos a coordenação do Ppgcom.
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