A Reitoria da UFPA marcou
para hoje, dia de paralização nacional de servidores da educação superior, uma
reunião do Consun – o Conselho Universitário, seu orgão decisório mais
imporante – para discutir a questão fundamental do processo sucessório na Reitoria
da instituição.
Desde cedo os portões
estavam fechados e só se podia entrar no campus a pé. Todas as aulas haviam
sido suspensas. Além disso, passamos três dias sem água no campus do Guamá, com
banheiros impestados e sem alimentação no restaurante universitário. Considerando
a grave situação de violência experimentada (ainda maior, evidentemente, quando
a universidade está vazia), expressão, dentre outros fatos, por três dias de
arrastões consecutivos no terminal de ônibus do campus – ontem a noite com
disparos de arma de fogo – e, ainda, numa situação caótica de higiene, desde
que o contrato com a empresa privada que fazia a limpeza da instituição foi
revisto, essa conjuntura portões fechados
/ falta de água / segurança, por si só, deveria ter adiado a reunião.
Mas ela foi mantida.
Curiosa conveniência…
Preciso dizê-lo, porque é evidente.
Os membros do Consun lá
estavam, cientes da importância do debate; mas somente eles. A comunidade
acadêmica não estava lá. A universidade estava convenientemente esvaziada.
Quando a última reunião do
Consun, para discutir o mesmo assunto, foi repentinamente desmarcada, o prédio
da Reitoria já estava cercado por alunos, técnicos e professores questionando a
antecipação do processo sucessório na Reitoria.
Hoje se daria o mesmo – não
fosse essa somatória de coincidentes infortúnios…
E, para completar, mais uma
conveniência: lá chegando, descobre-se que o Reitor havia tirado férias e não
presidiria a reunião…
Bom, eu não sou membro do
Consun. Já tive a honra de sê-lo, mas não o sou, neste momento. Mesmo assim,
fui bisbilhotar a reunião – alias, como vários outros professores, técnicos e
alunos da UFPA.
Fui porque estou
profundamente incomodado com a situação.
Sou radicalmente contra
qualquer antecipação da consulta à comunidade que leva à escolha do Reitor e
acho que fazê-lo não contribui em nada para o debate sobre a auniversidade que
precisamos fazer.
A UFPA está mal. E precisa
ser debatida.
A antecipação das eleições
favorece apenas a candidatura posta pela reitoria.
Uma candidatura associada
aos interesses eleitorais do Reitor – e o Reitor, como todos sabem, será o
candidato do PMDB à prefeitura de Belém.
Queremos igualdade de
condições e de visibilidade para que o debate de projetos de universidade seja feito de forma conscenciosa e democrática. Queremos debate público: articulado, inteligente,
respeitoso e construtivo.
Queremos que as eleições
para a Reitoria sejam em novembro, como antes estabelecido.
Comentários