Já é público meu apoio à candidatura de João Weyl e Armando
Lírio para reitor e vice-reitor da UFPA. No entanto, numa época em que tantos hesitam em dizer o que pensam e na qual o
simples anuncio intenção de voto, inclusive por meio de bottons e ícones
digitais, tende a substituir a verdadeira discussão, acho que é interessante justificar posições e fazer o debate.
Assim, minhas razões para votar João Reitor são as seguintes:
1. Experiência
e seriedade
São duas razões que andam juntas. Muitas vezes a
seriedade e o compromisso podem dar razão ao voto, mas quando estão junto com a
experiência e com a história do candidato, se tornam preponderantes. João Weyl,
além de imensa seriedade, tem experiência. Dentre todos os candidatos, foi o
único que foi Vice-Reitor, o único que foi Secretário de Estado de Ciência e
Tecnologia, o único que implantou projetos absolutamente estratégicos para a
pesquisa científica no Pará, como a criação da Fapespa, do NavegaPará e do
Parques de Tecnologia do Guamá. João também implantou, há 30 anos, a rádio e a
TV Cultura. E isso fora os inúmeros cargos que ocupou, em sua trajetória, no
sistema nacional de C&T. Dos 5 candidatos, somente ele e mais um são
bolsistas de produtividade do CNPq e ocuparam cargos gestores na Capes, CNPq e
MCT, mas somente ele ocupou cargos e liderou políticas públicas de C&T.
Armando Lírio, por sua vez, tem 15 anos na coordenação de projetos de
extensão com forte impacto social e centrados na participação, na colaboração e
na valorização da experiência social. Nossa chapa não foi constituída, ao
contrário das demais, por meio de negociações para atrair apoio e votos de
outros setores da universidade, mas como um pacto de coerência, desejando
mostrar à UFPA que nossa instituição precisa, antes de tudo, de compromisso
verdadeiro e de transparência.
João Weyl e Armando Lírio são fazedores. São realizadores. E acumulam
imensa experiência como gestores.
2. Compromisso
social
João Weyl tem história. Embora não filiado hoje, foi fundador do PT no
Pará e militou em lutas sociais históricas. João lutou contra a ditadura
militar, participou das grandes batalhas pelos direitos civis no Pará e
caminhou junto com os movimentos sociais na reivindicação pelo direito à terra,
à identidade étnica, à liberdade de expressão, à comunicação, à política de
quotas e ao reconhecimento das igualdades sociais.
Dentre os candidatos, João e Armando são os únicos que, claramente, se
posicionam contra o golpe de estado em curso e enunciam suas posições
políticas. Tudo isso é central para um Reitor, porque a UFPA tem se afastado de
sua condição de ator político maior na promoção do debate público no estado do
Pará e porque precisamos ocupar nossa condição natural de liderança, de
vanguarda, nas grandes lutas sociais. Porque precisamos de uma gestão que não
seja burocrática e fechada no intramuros confortável de uma universidade se
deixou, nos últimos anos, de se idealizar como pública e politizada.
3. Renovação
Voto João Weyl e Armando Lírio, também, porque precisamos romper ciclos
de poder que atualmente gravitam em torno da Reitoria (e que pretendem
continuar a gravitar em torno dela) para termos uma universidade mais arejada,
mais autocrítica, mais critica e mais participante da vida social do Pará.
O Reitorado do Prof. Maneschy não precisa continuar. Sete anos é muito
tempo e está na hora de mudar. A reitoria atual tem 3 candidatos: os
professores Tourinho, Ortiz e Erik atuaram na gestão Maneschy durante esses
sete anos. Ainda que haja marcas positivas – e como ser diferente em meio aos
altos investimentos que o governo federal fez na universidade pública, nos
últimos 13 anos? – penso que as debilidades e as carências da UFPA saltam aos
olhos, notadamente no ensino de graduação, que vive um dos piores momentos de
toda a sua história.
Além disso, o estilo “Reitorado”, com uma universidade enfeudada e com
os processos políticos interdependentes dos interesses políticos (ver o que
escrevi aqui) em curso, temos um ambiente um tanto pesado: há pouca
participação política na UFPA, pouco debate, pouca opinião e muito, muito
receio de se dizer o que se pensa.
A candidatura de João Weyl e Armando Lírio aporta o novo, com promessa
de melhor participação e de mais diálogo com a sociedade amazônica. Note-se, a
esse respeito, que Armando tem imensa experiência de diálogo com a sociedade
civil e que nossa candidatura traz, no seu centro, a vontade de diálogo.
As três candidaturas do Reitor Maneschy são mais do mesmo. Elas são
pesadas e burocráticas. Elas são frias e distantes. E, curiosamente, elas
parecem ser avessas à todas idéia de encontro, participação e diálogo.
4. Compromisso
com a graduação, a extensão, a assistência estudantil e a biblioteca
Voto também no João e no Armando porque no centro, no núcleo da
proposta que eles apresentam para a UFPA, estão graduação, a extensão, a
assistência estudantil e o sistema de bibliotecas. Os candidatos do Reitor
representam uma universidade idealizada e dessintonizada com a realidade. Uma
universidade centrada na pós-graduação e na gestão que ignora, historicamente,
a graduação e os alunos. A UFPA está longe de ser uma Unicamp e não tem
consciência disso. O resultado é uma política universitária que aposta no
crescimento da pós como vetor central da qualificação, ignorando a graduação e
a extensão.
Entramos numa arriscada espiral de decadência e precisamos salvar a
UFPA. A receita, evidentemente, não é esquecer a pós, mas sim centrar o foco na
graduação, associada com a extensão e com a assistência estudantil.
Em complemento, é preciso reverter a situação do sistema de bibliotecas
e, especialmente, da Biblioteca Central. Aquela que deveria ser a alma da
universidade está destruída: é uma biblioteca de iluminação, sem mesas e
cadeiras, sem conservação e sem espaço de estudo.
Voto em João e Armando, também, porque eles assinalaram o compromisso
de tornar a Biblioteca Central um centro cultural maior na vida de Belém.
***
Percebo o quanto a estratégia do reitor Maneschy em antecipar as
eleições dificulta o debate verdadeiro e a construção coletiva de idéias. É
evidente que isso foi feito para facilitar a eleição de seu candidato. Também
percebo como as trucagens do marketing político e o dinheiro, que paga essas
trucagens, impressos e outros truques caros, estão substituindo a boa política
– que julgava ainda possível na universidade pública – pela politicagem dos
interesses, das trocas, retribuições e negociatas. Sei que o tempo dificulta a
construção do voto crítico, mas confio na capacidade da UFPA em julgar os
projetos apresentados.
Por essas razões, João Reitor e Armando Vice!
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