Janot, o Procurador Geral da República, sai desmoralizado e deixa a justiça ainda mais desmoralizada
Terminou ontem o mandato de Rodrigo Janot como
Procurador Geral da República. Sai desmoralizado e deixa uma Procuradoria Geral
desmoralizada e com graves problemas. Mas isso não deve espantar ninguém. Tudo,
nas grandes instituições da justiça brasileira, hoje, é desmoralização. Do MPF
ao STF.
Janot poderia ter tido um papel de mediador da crise
política que o Brasil atravessa, mas não teve maturidade e nem competência para
isso. Preferiu, sempre, agir pautado pela grande encenação dos principais
atores do golpe. Talvez, sonhando tornar-se um deles.
Agiu sempre deslumbrado pelo poder, procurando posar
de astro, com essa peculiar pretensão à importância que possuem os coadjuvantes
que eventualmente são alçados aos postos de poder.
Com efeito, o mandato de Janot foi do tipo “canoa”:
ele foi levado pela maré, ou seja, pela mídia, pela narrativa da mídia e pelos
interesses da camada golpista, dentre políticos e empresários. Janot nunca teve
liderança: seguiu à reboque dos acontecimentos, procurando apenas aparecer à
frente das câmeras e holofotes.
O resultado da incompetência e do amadorismo da sua gestão
na Procuradoria Geral da República é o caos no qual o país foi lançado: as
grandes empresas brasileiras estão sendo liquidadas; as grandes estatais,
algumas absolutamente estratégicas para a soberania e para o desenvolvimento do
Brasil, estão sendo vendidas a preço de banana para empresas internacionais; o
orçamento público foi comprometido, a níveis mínimos, provocando o total
sucateamento da saúde e da educação, por vinte anos; o desemprego está
aumentando a passos largos; a justiça brasileira está desmoralizada; imensas
reservas ambientais estão sendo cedidas ao agronegócio; o país perdeu todas as
posições que ocupava na cena internacional e a quadrilha Temer continua no
poder, assistida por outras inúmeras quadrilhas, todas juntas, sob o olhar da
PGE, do Ministério Público, do STF, desmontando o país.
Janot deixa uma herança maldita para Raquel Dodge:
milhares de processos mal instruídos e não aprofundados. Prevalecendo a
justiça, quase toda a operação Lava Jato, por exemplo, será revertida por meio
do simples dispositivo da apresentação de conflitos entre as versões.
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