A declaração de Gilmar Mendes afirmando que o Exército está se associando ao genocídio provocado pelo governo Bolsonaro com sua inoperância no combate à Covid 19, provocou uma crise interna – talvez de consciência, mas supostamente apenas de brios machucados – nas Forças Armadas. Militares no governo, indignados, começaram a escalar – sem necessidade – uma crise política.
O que Gilmar Mendes falou, durante uma “live” no sábado à noite, foi, precisamente, o seguinte: “Não é aceitável que se tenha esse vazio no Ministério da Saúde. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção, é preciso se fazer alguma coisa. Isso é ruim, é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável”.
Ressentidos, machucados, falsamente (?) ofendidos, militares protestaram com efusão. Gilmar Mendes, porém, não apenas não voltou atrás no seus propósitos, como também reafirmou suas no Twitter as suas críticas.
Nos jornais de hoje lê-se, para todos os lados, que o ministro interino da saúde constitui a maior crise política do momento e está por ser demitido. Perdem os militares outra vez.
Os militares podem espernear mas, convenhamos, são justas as críticas feitas por Gilmar Mendes. Genocídio não é um eufemismo, num governo que nada faz e ainda tenta se eximir da morte de 72 mil pessoas e da contaminação de outras 1.850.000 pela Covid.
As Forças Armadas estão desgastando sua imagem pública vertiginosamente, com o endosso acrítico e acéfalo que dão ao governo Bolsonaro. E estão, sim, se associado ao genocídio brasileiro, notadamente ao genocídio indígena. Não é apenas o coronavirus que tem alto poder de contaminação: a incompetência e a necropolítica bolsonarista também.
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