1. Prossegue o perfil eleitoral conservador, embora menos radicalizado.
1.1 A grande derrotada a extrema direita, com o PSL e com Jair Bolsonaro. O presidente elegeu apenas 2 dos 13 candidatos que indicou no post apagou para não ser cassado pelo TSE.
- Expressa em termos de uso dos recursos do fundo eleitoral – dinheiro público – cabe refletir sobre o montante investido e sobre sua ineficácia eleitoral: foram R$ 199,4 milhões gastos para eleger, até o momento, 53 prefeituras, o equivalente a 1/5 das prefeituras conquistadas pelo MDB ou pelo PSD e a ¼ das prefeituras conquistadas pelo DEM e pelo Progressistas.
- Pensada à luz dos resultados das últimas eleições, essa derrota tem uma magnitude de fracasso histórico retumbante, afinal o PSL é o partido que, em 2018, fez o presidente da República, 3 governadores, 4 senadores, 52 deputados federais e 76 deputados estaduais.
- Pensada em relação à conquista geopolítica dos espaços de poder, cabe ressaltar a derrota fragorosa do PSL nas grandes cidades: Em São Paulo a deputada Joice Hasselmann terminou em 7o lugar na disputa pela prefeitura e; no Rio, o deputado Luiz Lima teve apenas 6% dos votos e ficou na 5a colocação.
1.2 Já os grandes vencedores foram os partidos de direita, com destaque para o MDB, que fez 775 prefeituras e 7.183 vereadores, PP, PSD, PSDB, DEM e PL.
1.3 Cabe referir certo protagonismo do DEM, partido que comanda a Câmara Federal e também o Senado, que cresceu bastante nas capitais, elegendo 3 prefeitos logo no 1o turno (contra apenas 1 nas eleições de 2016): Bruno Reis, em Salvador; Gean Loureiro, em Florianópolis, e Rafael Greca, em Curitiba.
- Além disso, cabe considerar que o DEM vai disputar o 2o turno no Rio de Janeiro, com Eduardo Paes.
2. O único refluxo do perfil conservador referido acima se deu em direção ao centro do espectro político brasileiro.
2.1 O voto na esquerda se deveu a lideranças pontuais, muitas com um perfil bem conhecido e consolidado, como Boulos, Manuela d’Ávila, Marília Arraes, João Coser e Edmilson Rodrigues.
2.2 Nesse refluxo da direita em direção ao centro, PDT e PSB conquistaram 304 e 245 prefeituras, 3.345 e 2.984 vereadores, respectivamente.
3. Apesar das conquistas pontuais, a esquerda continuou o processo de refluxo eleitoral.
3.1 O PT saiu bastante desgastado do pleito, com apenas 174 prefeituras e 2.584 vereadores. Cabe lembrar que o partido elegeu 256 prefeitos em 2016 e que havia eleito 630 em 2012.
- Apesar dessa derrota, cabe considerar o fato de que o PT fará a maior bancada na cidade de São Paulo. Eduardo Suplicy foi o candidato mais votado, outra vez, e o PT teve outras importantes votações na cidade, o que produz uma chance de recuperação a ser pensada.
3.2 O PSOL, apesar de seus grandes nomes, Boulos e Edmilson Rodrigues, dentre outros, apresentou um resultado pífio, com somente 4 prefeituras, até o momento, e 75 vereadores.
- Cabe perceber o avanço do PSOL nas grandes cidades, notadamente São Paulo e Belém.
3.3 No campo da esquerda, o melhor resultado coube ao PCdoB, que elegeu 45 prefeituras e 678 vereadores.
- Cabe, igualmente, perceber o avanço do PCdoB nas cidades médias e pequenas.
4. Por fim, uma nota de alerta: é preciso acompanhar o ataque hacker sofrido pelo TSE.
4.1 Ele teve, claramente, o intuito de deslegitimar as eleições. Não é à toa que fez coro com as declarações, no mesmo sentido, feitas por Bolsonaro, filhos & asseclas nos dias anteriores. Isso pode ser um balão de ensaio para atrapalhar ou mesmo invalidar o processo eleitoral de 2022.
4.2 A SaferNet, que trabalha em parceria com o Ministério Público Federal no monitoramento de fraudes eleitorais cometidas pela internet, concluiu que esses ataques foram uma “operação coordenada” para “desacreditar a Justiça Eleitoral”. É preciso acompanhar essa questão.
ADENDO FEITO às 15h15- intramuros-direita (Podemos x Avante em Manaus; PSDB x PP em Porto Velho; Podemos x Republicamos em São Luis; MDB x PSDB em Teresina; Republicanos x DEM no Rio; MDB x Progressistas em João Pessoa; MDB x PSD em Goiânia; MDB x Podemos em Cuiabá; MDB x Solidariedade em Boa Vista)
- ou direita-centro (PP x PSB em Rio Branco; PDT x PROS em Fortaleza; PDT x Cidadania em Aracajú)
- as polarizações direta/esquerda, que serão as batalhas épicas do 2o turno, ocorrerão em São Paulo (PSOL x PSDB), Porto Alegre (PCdoB x MDB), Belém (PSOL x Patriota) e Vitória (PT x Republicanos)
- por fim, a única disputa centro/esquerda será Recife (PSB x PT)
- ao que sei, Maceió resta indefinida.
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