Soube recentemente que o acervo de obras e projeto de Paulo Mendes da Rocha um dos mais importantes arquitetos brasileiros, será deslocado para arquivos portugueses – precisamente para a Casa da Arquitectura, uma instituição respeitável que faz pela memória de seu país – e do nosso – aquilo que já não podemos mais fazer: guardar a memória com dignidade e protege-la da barbárie destrutiva do governo Bolsonaro.
O acervo de Paulo Mendes da Rocha é composto por projetos, plantas, rabiscos, desenhos, maquetes e fotografias. Constitui um painel da arquitetura brasileira e se sua influência no mundo. Rocha recebeu prêmios importantes, o Pritzker e o prêmio da Bienal de Veneza, dentre outros. É
justo dizer que a política cultural de preservação de acervos e da memória, em geral, sempre foi precária no Brasil, mas é igualmente justo e necessário dizer que os tempos atuais, desde do Golpe de 2016 até a época de Bolsonaro, são sem precedentes.
A migração do acervo foi uma decisão do próprio arquiteto, que alcançou a idade de 91 anos. Uma decisão racional e, talvez, baseada num verdadeiro instinto de sobrevivência. Cabe lembrar que Mendes da Rocha teve seus direitos políticos cassados durante a ditadura militar brasileira e que ele foi proibido de atuar na USP, onde lecionava. É isso, instinto de sobrevivência...
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