O fiasco absoluto das manifestações políticas do MBL e do VPR, no último domingo (a primeira manifestação home-office da história) indicam claramente algumas coisas:
1. O grande empresariado brasileiro não autoriza esse povo a representá-lo e, consequentemente os deputados eleitos com base nesses movimentos terão dificuldade para sua reeleição.
2. A hostilidade enunciada à candidatura Lula está restrita a um núcleo ideologizado e muito estreito da sociedade. Há que se distinguir entre hostilidade real, hostilidade enunciada e hostilidade anunciada. Outra hora falo disso. Agora, cabe dizer que enunciação é o ato político maior da disputa, e que ela está baixa, no que tange à candidatura Lula 2022.
3. O modelo de protesto desses grupos, centrado numa semiótica do ressentimento, do preconceito e do ódio de classes, foi abalado e não conformará a base da disputa eleitoral de 2022.
4. A liderança das ruas e do combate ao governo Bolsonaro está com o campo progressista, cabendo a ele ocupar essa liderança e convocar manifestações de massa que, sim, devem incluir toda a sociedade.
E aí vêm as questões de forma e conteúdo : qual deve ser a semiose, o vínculo ideia/ação, mote/efetivação dessas manifestações ? E qual sua estratégia de mobilização?
As duas questões sugerem duas coisas: 1) A necessidade de uma liderança estratégica do campo progressista e 2) A necessidade de aglutinar a sociedade.
Em termos de semiose, a receita é clara: o repúdio à morte - à morte das pessoas, do país e da democracia. Bolsonaro representa a morte. Cabe ao #ForaBolsonaro representar o projeto de futuro e a alegria de viver.
Em termos de estratégia de mobilização, creio que o caminho, para as esquerdas, é encontrar agentes sociais que assumam o protagonismo da convocação das mobilizções: Pode ser a OAB, a ABI, a CNBB, a SBPC, etc. Podem ser todos juntos. Não tem que ser PT, PSOL, PCdoB. E também não pode ser a CUT. Tem que passar a bola da convocação para essas instituições, tal como na luta pela Diretas Já (sem ter ilusões de que não é a mesma coisa, de que o momento é outro).
Isto dito, o campo progressista tem que se fazer presente, massivamente e com suas bandeiras e verbos, e liderar a enunciação do #ForaBolsonaro, mas apoiando a presença de todos os campos sociais que partilham esse horizonte.
Convenhamos: sem milhões de pessoas, nas ruas, não seremos máquina política. E a missão histórica é tirar dos robôs, e trazer de volta às pessoas, a liderança do fazer político.
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