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Mostrando postagens de janeiro, 2004
LF teve um acidente vascular cerebral isquêmico, aparentemente trombotico, no lobo frontal esquerdo. Repentina mudança no rumo da vida, pois, devendo ele apresentar seqüelas extensas, alias semelhantes às que apresentou meu avô Oscar, em razão de um mesmo AVC tido quase que na mesma idade (meu pai teve-o aos 59 e meu avô aos 60), decidimos que vamos nos mudar para a casa do LA, juntamente com LF. De fato, vinhamos pensando em nos instalar por la, procurando evitar a venda ou o aluguel da casa - consenso entre mim e meus irmãos. Por resultado, sera preciso recomeçar, mais longe de tudo, com dificuldades de transporte, tendo que contratar empregados e morar numa casa grande demais para nos. Sim, e administrar a saude de meu pai, por meio das fisioterapias, regimes e estados da alma que precisarão ser construidos. Sera a nona casa do Pedro. Muito, para sete anos de idade.

La fausse suivante

Marivaudage. Uma dessas estranhas e ricas palavras do francês coloquial - ja classicisada, na verdade, e que nos ensinou tanto dali. A esse proposito, fomos ver "La fausse suivante", de Benoît Jacquot, no cinema da Estação das Docas. Marivaux é o autor mais alegre de que tenho conhecimento. Ele conforma a modernidade mais pura, mais pia, mais empolgada de que tenho noticias. A ponto de brincar sobre o tema que, em outros, viria a ser serissimo - o da metamorfose. Suas peças são essa reconstrução incessante de realidades: permutas entre sociedade e natureza, arte e vida, constância e inconstância, autêntico e inautêntico, convenção e espontaneidade, linguagem e sentido, nobreza e burguesia, pronvincia e Paris, mascara e rosto. Li duas de suas peças: uma foi "Noblesse e bourgeoisie" e da outra não recupero o titulo, mas sei que se tratava, tal como também esta, agora versada para o cinema, de um desses titulos anatematicos tão ao seu gosto. Ora, a criada "falsa...
And there am I. Chove em rebuliço e lentamente. Aproveito para trabalhar: revisão da tese, revisão do trabalho sobre o latex, formatação de dois artigos para enviar para edicação, reunião de fragmentos dispersos para os encaixar num livro de ficção, projeto de duas especializações, dois projetos de pesquisas, duas disciplinas sendo ministradas, analise das condições de implementarmos um programa de mestrado, um curso sobre a PoMo, criação do meu laboratorio de pesquisa, um outro projeto para enviar para o cnpq junto com meu amigo Ernani Ch. E, além de tudo: questões de escola, dentista, farmacia, homeopata, insubordinação da entiada, maluquice do pai, hiper-atividade do filho, rabugentice da sogra, problemas de espaço para os livros, tese da esposa, preguiça do cachorro, etc. Am I there or not? Today is gray. Today is silent? I'm goin' away. "Every day is like sunday, Every day is silent and gray" Alguns amigos nos dão noticias de Paris: neva por la, neva no quintal d...
Continuo lendo o livro do Heitor Lyra sobre a historia diplomática. Uma aluna curiosa das leituras que faço observou-o e disse que eu era um professor muito estranho, porque aquilo nada tinha a haver com o curso e nem comigo. Ora, é obvio que aquela moça nada sabe das minhas leituras, o que talvez equivalha a dizer de mim próprio. Mas trata-se de um comportamento habitual, freqüente, com o qual me deparo a todo momento. Percebo que os alunos constroem uma certa imagem dos seus professores que os vinculam de forma excessivamente objetiva ao conteúdo da disciplina ministrada. Assim, o professor que lhes explica a « cultura trivial » e a « pos-modernidade » - eu - acaba surgindo, no seu imaginário, como uma espécie de tecno-hit-pop-pos-tudo, ou seja, como um cara meio maluco que sabe tudo sobre os movimentos culturais do mundo contemporâneo, mestre na ironia, agudo critico do classicismo. Em sintese, um « cult-cult », como ironiza a Marina esse lado meio tecno dos meus interesses e o padr...

Mid-cult

Continuo lendo o livro do Heitor Lyra sobre a historia diplomática. Uma aluna curiosa das leituras que faço observou-o e disse que eu era um professor muito estranho, porque aquilo nada tinha a haver com o curso e nem comigo. Ora, é obvio que aquela moça nada sabe das minhas leituras, o que talvez equivalha a dizer de mim próprio. Mas trata-se de um comportamento habitual, freqüente, com o qual me deparo a todo momento. Percebo que os alunos constroem uma certa imagem dos seus professores que os vinculam de forma excessivamente objetiva ao conteúdo da disciplina ministrada. Assim, o professor que lhes explica a « cultura trivial » e a « pos-modernidade » - eu - acaba surgindo, no seu imaginário, como uma espécie de tecno-hit-pop-pos-tudo, ou seja, como uma cara meio maluco que sabe tudo sobre os movimentos culturais do mundo contemporâneo, mestre na ironia, agudo critico do classicismo. Em sintese, um « cult-cult », como ironiza a Marina esse lado meio tecno dos meus interesses e o pad...

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Mas, afinal, resta dizer que estabeleci este blog, sobretudo, porque gostaria de compreendê-los. E escrever um artigo sobre. Idéia para começo de artigo : As formas de comunicação estabelecidas pela internet já foram descritas como ambientes promotores de novas condições de associação, interação social e comunitarismo. Da simples construção de personas virtuais por meio dos sites pessoais às salas de chat, passando pelas várias formas de cadastro e pelas listas de discussão, assiste-se, à medida em que evolue o ambiente tecnológico informatizado, a uma crescente complexidade dessas formas de comunicação e interação. Dentro desse cenário, no entanto, parece ser o blog, no momento atual, o ambiente tecnológico mais propício à formação de tecidos comunicativos conjuntivos. Por tecidos comunicativos conjuntivos gostaria de descrever um padrão comunicativo baseado numa integração de maior duração que a verificada nos protocolos www, ftp, listas de discussão e chats. Conjuntivos, pelo caráte...

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Não são diarios intimos ou narrações de si. Também não são a revelação de segredos escondidos ou formas de dizer o não-dito. Trata-se, sim, de lembrar o ja-dito, de reunir o que pode ser lido ou escutado alhures. São técnicas de construção do si mesmo, mas não estão baseados no egoismo tacito desse tipo de estratégia: "Tal é o objetivo dos hipomnêmata: fazer da lembrança de um logos fragmentario, transmitido pelo ensinamento, escuta ou leitura, um meio de estabelecer uma relaçõ consigo tão adequado ou perfeita quanto possivel" (M. Foucault, idem)

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Hupomnêmata: "Em sentido técnico, os hupomnêmata podem ser livros de conta, registros publicos, mas também cadernos individuais que servem para tomar notas. Sua utilização como livros de vida, ou guias de conduta, parece ter sido uma coisa bastante corrente, pelo menos nentre um certo publico cultivado. Nestes cadernos, colocam-se citações, extratos de obras, exemplos tirados da vida de personagens mais ou menos conhecidos, anedotas, aforismos, reflexões ou pensamentos. Eles constituem uma memoria material das coisas lidas, ouvidas ou pensadas; e eles fazem destas coisas um tesouro acumulado para releitura e meditação ulteriores. Eles foram assim um material bruto para a escritura de tratados mais sistematicos nos quais se colocam os argumentos e meios de lutar contra algum defeito (como a colera, a inveja, a bisbilhotice, a lisonja) ou então superar um obstaculo (um luo, um exilio, uma ruina, uma desgraça)". Michel FOUCAULT, in A propos de la généalogie de l'éthique: un ...

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Ademais,é também interessante a possibilidade de ampliar o espectro do dialogo que tenho com os amigos, colegas, conhecidos, etc. E isso porque o fato inconteste e chato que demarca minha vida é que nunca tenho tempo para, simplesmente, encontrar as pessoas. Alias, não tenho tempo e nem estrutura, na medida em que sempre tenho muito trabalho para fazer, muitas coisas da casa para cuidar, a chateação da vida pratica tipo contas a pagar, documentos e encaminhar, etc, sem contar na casa em construção (parada, mas, de fato, under construction), educação do Peco, etcs. Ainda na semana passada encontrava meu amigo Orlando M. depois de todos esses anos fora de Belém, ele e eu, e ele dizia que é decisivamente impossivel me encontrar. Isso é um fato: eu não saio de casa nunca, não suporto lugares com muita gente, não suporto lugares diferentes e não suporto as condições sociais impostas por essas formas de convivio baseadas na eventualidade e na efemeridade (o bar, o show, a praça, a estréia, a...

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This probably does not exhaust the notion of a reconstituion of the self expectatives, mas convém delimitar o que seja o Eu que se representa por meio de notas, de praticas reservadas e ao mesmo tempo publicas. De fato, a historical analysis might show how that process of a self-reflexion atua, changes, permite-se enfim. Em todo caso, se trata de um processo de organização da liberdade propria do ser. Foucault called this "the ethics of the concern for self as a practice of freedom" a bit of a mouthful, but with the essential elements of practice (askesis), ethics (as ethos) and freedom. Neste caso preciso, devendo um Hupomnemata - ou não, portanto - justificar-se, poderia reconstituir um raciocinio que vinculasse uma askesis, uma pratica, do ciberespaço, com um ethos, este ultimo baseado num desejo profundo de liberdade. Como se falar para si mesmo fosse, no fundo, falar também para os outros. O que eu, particularmente, concluo é que a teia oferece uma possibilidade infinita...

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Practices of the self. Diario de trabalho, livro de notas, bloco de reminiscência ou mesmo lista de compras, segundo M. Foucault. Observe-se mesmo que F. differentiates the Greek use of these (in Stoic times at least) from the later Christian practice of confessional texts. On the contrary, says F., hupomnemata were used not to uncover the hidden self through disclosure and confession, but to record the already-said.

Laboratório de Sociomorfologia

Este blog surgiu como ponto de referência de um trabalho que comecei a fazer sobre blogs, justamente e, depois, virou espaço de referência para o meu curso na especialização em Imagem e Sociedade. A partir deste post, e por tempo indeterminado ele estará à serviço do laboratório de sociomorfologia, meu laboratório de pesquisa na UFPa. Naturalmente que seria mais coerente fazer um blog próprio para o Laboratório, mas sou tão ruim para manuesar tecnologias que não consegui fazer uma das coisas mais simples do mundo que é criar um blog. Consegui fazer este, e já é muito. Portanto, ele próprio será usado como ponto de referência - está decidido - para o LabSo, aulas, cursos, orientações e derivados. Ok? Bem, o que está postado para trás tem certamente utilidade, posto que é, tudo, sociomorfologia.