Resolvi publicar no blog a primeira parte do novo paper do Laboratório de Sociomorfologia, no qual discuto o que seria uma gestão de política cultural social e democrática. O momento é oportuno, justamente, porque dentro de pouco mais de um mês começa o governo de Ana Júlia no Pará. O momento é impressionante: primeiro governo petista no estado e primeira mulher a governá-lo. Na área cultural, a missão será árdua, porque a gestão anterior, nos seus doze anos de ação, deixou lacunas graves, mas também obras de visibilidade e apelo. A idéia é contribuir com a discussão já em curso na cidade.
A primeira parte deste novo paper do LabSo faz uma crítica da gestão do PSDB. A segunda parte alinha alguns elementos que deveriam nortear a próxima gestão cultural. Seguem os 10 pecados anunciados. Publicare3i um por dia, para não cansar:
O PSDB - não apenas no Pará, mas por índole nacional – se caracteriza, no campo cultural, por ser um partido que pensa a cultura de maneira não-antropológica, embora recorrentemente, nas suas cartilhas, mencione adotar um conceito antropológico de cultura nas suas ações. Suas ações culturais, na verdade, têm o escopo de uma casuística circunstancial, sendo composta por uma série de práticas fragmentadas, que se delineiam conforme a possibilidade de uma parceria com o setor privado. O próprio lema da política cultural do PSDB indica claramente essa índole quando propõe que “cultura é um bom negócio”. Ora, o mercado, apesar de ser uma dinâmica fundamental da sociedade, não corresponde à totalidade da sociedade. Reduzir a sociedade às suas dinâmicas mercadológicas é, portanto, uma percepção anti-antropológica, justamente, da questão cultural.
Essa situação, construída sistematicamente tanto a nível federal como estadual, gerou um instrumental autoritário e reducionista, sem resultado algum em forma de circularidade, reflexão, diversidade e gratuidade, quesitos fundamentais para quem sonha com uma política cultural que favoreça o fortalecimento da sociedade e um estado de direito plural e democrático.
Governo terminado, o PSDB deixa, aos paraenses, doze anos de uma política cultural centrada em Belém e acusada de elitismo por artistas e intelectuais. Trata-se de uma política cultural que deixa marcas profundas, obras importantes e, apesar delas, muitas feridas no tecido cultural do estado. E tanto isso é verdade que as ações no campo cultural constituíram um debate privilegiado nestas eleições. Essa herança precisa ser debatida, porque o PT certamente terá, no campo cultural – incluindo nele a área das telecomunicações – um dos seus maiores embates – e, pelas circunstâncias deixadas, uma de suas maiores possibilidades de êxito.
O que segue é uma pauta crítica: os dez pecados da política cultural do PSDB.
A primeira parte deste novo paper do LabSo faz uma crítica da gestão do PSDB. A segunda parte alinha alguns elementos que deveriam nortear a próxima gestão cultural. Seguem os 10 pecados anunciados. Publicare3i um por dia, para não cansar:
O PSDB - não apenas no Pará, mas por índole nacional – se caracteriza, no campo cultural, por ser um partido que pensa a cultura de maneira não-antropológica, embora recorrentemente, nas suas cartilhas, mencione adotar um conceito antropológico de cultura nas suas ações. Suas ações culturais, na verdade, têm o escopo de uma casuística circunstancial, sendo composta por uma série de práticas fragmentadas, que se delineiam conforme a possibilidade de uma parceria com o setor privado. O próprio lema da política cultural do PSDB indica claramente essa índole quando propõe que “cultura é um bom negócio”. Ora, o mercado, apesar de ser uma dinâmica fundamental da sociedade, não corresponde à totalidade da sociedade. Reduzir a sociedade às suas dinâmicas mercadológicas é, portanto, uma percepção anti-antropológica, justamente, da questão cultural.
Essa situação, construída sistematicamente tanto a nível federal como estadual, gerou um instrumental autoritário e reducionista, sem resultado algum em forma de circularidade, reflexão, diversidade e gratuidade, quesitos fundamentais para quem sonha com uma política cultural que favoreça o fortalecimento da sociedade e um estado de direito plural e democrático.
Governo terminado, o PSDB deixa, aos paraenses, doze anos de uma política cultural centrada em Belém e acusada de elitismo por artistas e intelectuais. Trata-se de uma política cultural que deixa marcas profundas, obras importantes e, apesar delas, muitas feridas no tecido cultural do estado. E tanto isso é verdade que as ações no campo cultural constituíram um debate privilegiado nestas eleições. Essa herança precisa ser debatida, porque o PT certamente terá, no campo cultural – incluindo nele a área das telecomunicações – um dos seus maiores embates – e, pelas circunstâncias deixadas, uma de suas maiores possibilidades de êxito.
O que segue é uma pauta crítica: os dez pecados da política cultural do PSDB.
Comentários
Sua análise responde qualquer pergunta sobre o que é a política cultural no Estado. Há 30 anos trabalho no mundo da dança, no entanto meu reconhecimento maior é fora do Estado. Como você bem escreve, o PSDB não sabe na verdade por onde caminhar no cuidar do fazer artístico-cultural de uma região de grande efervescência popular e erudita. Gostaria de entender por que em 12 anos excluíram tanto o artista paraense deste processo de construção. O que mais me chocou foi saber que, há algumas semanas, antes das eleições, um pequeno grupo de artistas ofereceu apoio ao PSDB, no "Manifesto 45", publicado nos jornais locais. Neste documento, este pequeno grupo afirmava que o governo tucano foi positivo na área cultural, desta forma mostrando o seu apoio para todo este processo excludente.
Parabéns pelo discernimento ao analisar esse processo. Muito bem!
Rubem Meireles.
Bailarino, coreógrafo e professor do NPI/UFPA; coordenador da dança da Unama; e diretor da cia. de dança Guará Balé Teatro.