Terceiro pecado: Confusão entre cultura e turismo
A cultura possui uma relação estratégica e evidente com o turismo, mas a cultura não é só turismo. O PSDB procurou ver a cultura como um instrumento de promoção do turismo, o que é legítimo, mas, nessa operação, acabou reduzindo a complexidade e a variedade cultural à lógica imposta pelo turismo. Apresentar grandes obras como a Estação das Docas como política cultural é obscurecer grandes lacunas deixadas no campo da produção e da crítica. Apresentar obras importantes como o Museu de Arte Sacra como um projeto cuja principal função é a revitalização do turismo é perder de vistas a sua dimensão reflexiva.
A cultura valoriza o turismo e isso é muito importante, mas reduzir a função da cultura a esse objetivo equivale a se desvalorizar a si mesmo. Trata-se, com efeito, de uma espécie de prostituição cultural: a pretexto de ganhar uns tostões, se reduz a complexidade cultural paraense. Para facilitar a vida dos turistas, se reduz as contradições que, em si mesmas, constituem a cultura. Passa-se a viver uma cultura de resumos, de frases feitas, de idéias tão simples como a dos simplórios e metafísicos seres dos livros de inglês que não vão além de coisas como “My name is Bob, what’s your name?” – ao que o outro responderá, certamente, “My name is Peter and what’s his name?”. A cultura reduzida à economia do turismo vira uma relação deprimente e patética – e em inglês pobre e metafísico: Hi, this is Pará! And this... this is Pará too. E o problema é que os próprios agentes da diversidade cultural paraense passam a reproduzir essa relação simplista na sua vida cotidiana.
A cultura possui uma relação estratégica e evidente com o turismo, mas a cultura não é só turismo. O PSDB procurou ver a cultura como um instrumento de promoção do turismo, o que é legítimo, mas, nessa operação, acabou reduzindo a complexidade e a variedade cultural à lógica imposta pelo turismo. Apresentar grandes obras como a Estação das Docas como política cultural é obscurecer grandes lacunas deixadas no campo da produção e da crítica. Apresentar obras importantes como o Museu de Arte Sacra como um projeto cuja principal função é a revitalização do turismo é perder de vistas a sua dimensão reflexiva.
A cultura valoriza o turismo e isso é muito importante, mas reduzir a função da cultura a esse objetivo equivale a se desvalorizar a si mesmo. Trata-se, com efeito, de uma espécie de prostituição cultural: a pretexto de ganhar uns tostões, se reduz a complexidade cultural paraense. Para facilitar a vida dos turistas, se reduz as contradições que, em si mesmas, constituem a cultura. Passa-se a viver uma cultura de resumos, de frases feitas, de idéias tão simples como a dos simplórios e metafísicos seres dos livros de inglês que não vão além de coisas como “My name is Bob, what’s your name?” – ao que o outro responderá, certamente, “My name is Peter and what’s his name?”. A cultura reduzida à economia do turismo vira uma relação deprimente e patética – e em inglês pobre e metafísico: Hi, this is Pará! And this... this is Pará too. E o problema é que os próprios agentes da diversidade cultural paraense passam a reproduzir essa relação simplista na sua vida cotidiana.
Comentários
Descobri o blog no blog do Juvêncio.
Excelentes as observações. A sobre o turismo é indefensável. O arquiteto PC deveria dar uma passada por aqui. É incontestável o que foi feito. Estação, Feliz Lusitânia, Magal, agora o Centro de Convenções... mas, essa lógica dos aparelhos turísticos aguardando a manada de turista que invade a cidade principalmente no Círio deixa a maioria da população com a impressão (real, inclusive) de que tudo isso não é nosso. Pra falar só de um aspecto, sem mencionar outros.
Além de priorizar o turismo como "alavancador do desenvolvimento", a cultura do PC ignora a cidade. Tudo lindo e caro na obra recém-inaugurada. Ao redor, miséria e um punhado de pobres curiosos a saber do novo, cientes de que a jóia não é deles nem foi feita pra eles. Um reprodução infeliz da cena do colonizador e colonizado, frente a frente.
Com todos os pés atrás possíveis, aguardo as ações do próximo governo. Que bicho vai dar, saberemos só com o tempo. Estimo melhorias. Se virão, sabe deus.
Um grande abraço, Fábio.
Mais uma vez parabéns pelas considerações e pelo espaço que abres pra esse tipo de discussão.
Anderson Araújo.