Política de comunicação 7: O que significa ter escolhido o “padrão japonês” para a TV digital brasileira?
Quando se falou sobre a chegada da TV digital ao Brasil, há dois ou três anos, abriu-se uma grande polêmica sobre que padrão adotar. Havia a opção do padrão norte-americano, do padrão europeu ou do padrão japonês. A escolha recaiu sobre este último. Obviamente houve razões político-econômicas para isso.
Aparentemente escolheu-se esse padrão em função das relações comerciais que a rede Globo mantém com Sony e a NEC. O que justifica isso é uma questão técnica com uma dimensão econômica imensa: o padrão japonês possui maior estabilidade para transmissão de sinais para aparelhos de comunicação móvel, como celulares. Com essa tecnologia, a mesma emissão feita em onda UHF alcança a televisão, o computador e o celular. Dessa maneira, a empresa que está emitindo não necessita pagar o serviço (e depender) de uma outra empresa de telecomunicação – no caso, as teles, empresa multinacionais com poder de fogo muito maior que a Globo e que todas as redes brasileiras de comunicação. Depender delas poderia significar, mais cedo ou mais tarde, abrir o mercado da produção de conteúdo para elas, e isso seria, potencialmente, a morte da Globo, da Record, da Band e do SBT.
Outro erro desse processo foi desconsiderar a produção tecnológica nacional – exceção feita para o middleware Ginga. Teria sido bem interessante alavancar a produção do país nessa área, tão estratégica, em vez de submeter-se integralmente à tecnologia japonesa.
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