A Adufpa decidiu, numa assembleia realizada hoje (23/05), que a categoria docente da instituição entrará em greve a partir do próximo dia 6. Com todo respeito pela posição dos colegas, na minha opinião é uma greve desconectada do momento atual da luta política progressista, sem condições de mobilizar o apoio da sociedade e com um impacto perverso numa comunidade universitária que ainda busca se reorganizar depois da pandemia, um impacto particularmente cruel sobre os alunos.
É uma greve inconsequente, porque prejudica o processo de construção de alianças sociais amplas contra o autoritarismo e o fascismo e que, nesse sentido, pode servir para alimentar as forças conservadoras em pleno processo pré-eleitoral.
É uma greve irresponsável, porque ameaça o acesso à universidade de alunos e da comunidade que precisam dos serviços prestados pela instituição, inclusive alimentação. E, também, porque interrompe a já difícil retoma institucional depois da pandemia.
É uma greve extemporânea, porque o contexto é outro. Ela teria sido oportuna em outro momento, desde o Golpe de 2016, inclusive durante a pandemia, quando a universidade funcionou no modelo remoto, com carga horária redobrada e sem condições técnicas de operar à contento.
Nesse sentido, é uma greve que chega atrasada. Ela teria teria sido importante em outro momento, que qualquer momento desde 2016, mas não foi feita – não sei por que…
Claro, as reivindicações salariais são pertinentes e a greve é um instrumento justo de luta social. Porém, um evento com a extensão e o impacto de uma greve de universidade pública deveria ter ao menos duas preocupações : 1) olhar para o contexto, para o momento e para o sistema da luta social e 2) se construir em diálogo, tanto com a opinião pública como com a opinião real da sua comunidade. Duas coisas que, aparentemente, não estão acontecendo agora.
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