Li hoje a simpática crítica a "A Cidade Sebastiana", escrita por Bruno Peck e publicada no Peck Blog. Reproduzo-a abaixo:
Esse trecho é do “Cidade Sebastiana”, livro escrito pelo Fábio Fonseca de Castro, jornalista paraense com um currículo maior do que é conveniente mencionar aqui. Trata-se de uma tese de mestrado (mal) adaptada em livro, editada pelo próprio escritor que está à venda (o livro, não o Fábio) na Fox Vídeo e em alguns outros lugares. Acabei de lê-lo ontem.
“Acabei de ler” talvez seja um exagero. Pulei diversos trechos verborrágicos, pelos quais o próprio autor se escusa em uma nota no início do livro. Mas não é pra criticar que estou escrevendo isto, porque nos momentos em que não é exatamente uma tese de mestrado, “Cidade Sebastiana” é fantástico. Fantástico porque é um dos poucos escritos sobre nossa recente — e já esquecida — história durante a era da boracha. Trata-se de relatos testemunhais e documentais da época e sobre a época, sínteses sobre a expansão urbana da cidade, um resumo da mentalidade de sonhos cultivada pelos belenenses na virada do século 19 para o 20 que permeia o nosso imaginário até hoje.
Comparando Belém com Paris com um equilíbrio inédito — ao menos para mim — o autor coloca o leitor na condição deflâneur (termo que lhe é caro) da cidade, resgatando a atmosfera da época, desde os ladrilhos do chão até as loucuras da alta sociedade (ou haute gomme, convém chamar) como as famosas lendas dos charutos acesos com dinheiro e outras bem menos conhecidas (e até mais interessantes) da Era da Borracha. Do mesmo modo, visualiza o cenário de cima e explica de onde vinha e pra onde ia o dinheiro ganho com a borracha e dá nome aos bois que levaram os seringais para a Malásia.
Se resolver se arriscar pelas vielas, boulevards e bondes de “Cidade Sebastiana”, esteja avisado: encare com coragem (ou simplesmente ignore) a parte do mestrado e persista até o fim. Vale muito a pena. A sensação que eu tive é que eu havia finalmente vislumbrado — de relance — pela primeira vez o rosto de Belém.
Fábio Fonseca de Castro, o autor, está na web e no Twitter. Ele publicou mais alguns trechos no seu blog, eis um aqui.
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