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Genocídio Yanomami: Bolsonaro não pode escapar

O mundo está estarrecido com com o genocídio Yanomami. As imagens chocantes atravessam o planeta e atestam o que todos já sabiam: houve genocídio. E não há como Jair Bolsonaro não ser imputado por esse crime.  Dados obtidos pela plataforma SUMAÚMA  mostram que, durante o governo Bolsonaro, o número de mortes de crianças com menos de 5 anos por causas evitáveis aumentou 29% no território Yanomami. Foram 570 crianças mortas, em 4 anos, por doenças que têm tratamento. E isso pode não ser tudo, porque o conjunto das terras indígenas em território brasileiro sofreu, ainda de acordo com o Suamúma, um verdadeiro apagão estatístico durante o governo de extrema direita.  O legado de Bolsonaro é um dos mais aviltantes da história do Brasil. Não é de hoje que as terras Yanomami, onde vivem quase 30 mil pessoas indígenas, são agredidas pela especulação do garimpo ilegal, da pecuária ou da cultura do arroz, mas nunca se viu um apoio tão grande do Estado brasileiro a essas atividades.  O cenário e d
Postagens recentes

Sobre a reindustrialização

Já sabemos que um dos compromissos fundamentais do novo governo Lula é com a reindustrialização do país. O tema esteve presente no discurso de posse, no discurso do púlpito e nas sucessivas falas do presidente.  O que isso significa? Investir na recomposição do parque industrial brasileiro.  A produção industrial brasileira está em franca queda. De acordo com dados do IBGE/Iedi, a produção industrial de dezembro de 2022 estava no mesmo patamar que a de novembro de 2009. Uma queda de 18,5%. Alguns setores mostram uma queda mais acentuada, notadamente a indústria de bens de consumo duráveis, que só no ano passado regrediu em 3,2%. Isso representa redução de empregos, redução de exportações e perda na qualidade dos bens produzidos.  A indústria de transformação, que é a que mais gera valor adicionado, está se modificando intensamente nos últimos anos. Entre 2005 e 2021 a China passou a dominar o mercado mundial, passando de 13,26% para 30,45%. Quase o dobro dos Estados Unidos, que viram s

Brasília tomada pelo terrorismo

A única palavra que deve ser usada, para caracterizar as pessoas que estão depredando Brasília, hoje, é terroristas. E são terroristas, igualmente, o governo do Distrito Federal, a Polícia Militar do Distrito Federal. Em que pese não se encaixarem, stricto sensu, na lei do terrorismo, são-o.  O atentado foi patrimônio material da República mas, também, foi um atentado simbólico à democracia brasileira. E precisa ser avaliado do ponto de vista simbólico, porque a imagem que vai ser disseminada nas redes bolsonaristas têm uma função simbólica de abrir um rastro para que o terrorismo continue no Brasil.  Por que ninguém está sendo detido? Os esforços da PM do DF são lenientes e se resumem a afastar os terroristas depois das manifestações. O governador do DF, Ibaneis Rocha (@IbaneisOficial) não foi apenas complacente com o terrorismo : também foi cúmplice. Isso se chama de prevaricação. É crime grave. A intervenção federal não deve ser feita apenas na área da segurança, mas no governo d

Comentário sobre o Ministério das Relações Exteriores do governo Lula

Já se sabe que o retorno de Lula à chefia do Estado brasileiro constitui um evento maior do cenário global. E não apenas porque significa a implosão da política externa criminosa, perigosa e constrangedora de Bolsonaro. Também porque significa o retorno de um player maior no mundo multilateral. O papel de Lula e de sua diplomacia são reconhecidos globalmente e, como se sabe, eles projetam o Brasil como um país central na geopolítica mundial, notadamente em torno da construção de um Estado-agente de negociação, capaz de mediar conflitos potenciais e de construir cenas de pragmatismo que interrompem escaladas geopolíticas perigosas.  Esse papel é bem reconhecido internacionalmente e é por isso que foi muito significativa a presença, na posse de Lula, de um número de representantes oficiais estrangeiros quatro vezes superior àquele havido na posse de seu antecessor.  Lembremos, por exemplo, da capa e da reportagem de 14 páginas publicados pela revista britânica The Economist , em 2009, af

Comentário sobre o Ministério das Comunicações no governo Lula

Me uno ao coro dos descontentes para manifestar minha indignação a respeito da nomeação de Juscelino Filho, deputado federal pelo União Brasil do Maranhão, para o Ministério das Comunicações (o Minicom).  Além de pertencer ao União Brasil, um partido que sequer se considera fazendo parte da base do governo e além de ser um indivíduo que votou pelo impeachment de Dilma, comemorou a prisão de Lula e e fez parte da base de Bolsonaro, não tem nenhum conhecimento particular da área da comunicação, bem como nenhuma inserção no campo. Aliás, é médico de profissão.  Há dois ministérios dedicados às questões da Comunicação, no primeiro escalão da República: o referido Minicom e a Secretaria de Comunicação Social, esta dedicada ao trabalho de informação e comunicação sobre as ações do Governo, que será comandada pelo deputado federal Paulo Pimenta, do PT-RS.  A comunicação é uma questão estratégica e absolutamente central na sociedade contemporânea. O impacto das tecnologias da informação e da c

Nunca é tarde para cedo madrugar

Talvez numa vibração de Lula empossado, foi dando vontade de falar sobre política e questões amazônicas, como fiz durante muito tempo neste blog. A velha vontade de falar e de participar do debate público e por pragmatismo... Pragmatismo digital, porque percebi que, mesmo sem publicar nada, aqui, durante meses, ele segue tendo em média 700 consultas por mês aos seus arquivos. Dentre todas as redes sociais de que faço parte e também o site de divulgação científica ( fabiofonsecadecastro.org ), meu site literário ( fabiohoraciocastro.com ) e a NAU, minha newsletter de difusão literária, o Hupomnemata segue um espaço vivo.  Pragmatismo significa fala como ação, enquanto ação, praxis e, nesse sentido, oportunidade de interação, diálogo e co-ação. Ontem mesmo falava a um amigo que tinha pensado em reabrir o Hupomnemata para poder escrever um pouco mais sobre política e sobre as coisas que vão acontecendo na Amazônia, principalmente, mas por todo lado, neste momento decisivo do país e do mun

Mensagem de ano novo

Passando aqui (Maria Clara e eu) para desejar um grande 2023, com toda coragem para mudar tudo o que foi bichado pelos golpistas e facistas. Sofremos muito, perdemos muito, mas vai passar, porque temos muito trabalho para fazer e muita garra para fazê-lo (e isso vai ser muito bom!). Desde amanhã começaremos a reconstruir tudo. Grato por não largarem nossas mãos e esperamos ter feito o mesmo por vocês. Seguimos com #LulaPresidente. Com coragem, alegria e generosidade. Sem nenhum medo de ser feliz!

Uma nota sobre o cínico pronunciamento do general Mourão

Ótimo ele reconhecer, ainda que indiretamente, que o país foi levado ao caos, mas dizer que os responsáveis por tudo o que ocorreu, nos últimos quatro anos foram os parlamentares, o Executivo e o Judiciário, que « não se entenderam » e dizer que as Forças Armadas estão pagando a conta por isso é absurdo. Ora, as Forças Armadas tiveram 8 mil cargos na gestão executiva do país, ele próprio foi vice-presidente, receberam todo apoio, desde recomposição salarial até pretígio simbólico! Na minha opinião, mais do que o Inominável e do que o bolsonarismo, o que levou o país ao caos foram, justamente, as Forças Armadas, seja por incompetência de gestão, seja por inação, seja por se prestarem a esse papel ridículo de fazerem parte de governo.

O que achei do Ministério Lula 3?

Em geral gostei muito, porque esperava menos. Tem problemas, claro, mas é um bom começo. E por que eu esperava menos? Porque, como sabemos, é um governo de composição e é preciso acomodar muitas legendas e, ainda, atrair base parlamentar. Lula tinha que projetar a frente ampla que o elegeu no ministério e, além disso, atrair partidos para formar uma base parlamentar mais confortável. Lula não ganhou as eleições só com a esquerda. Entnao, o governo dele tem que ser de composição e adotar o rótulo de « governo de reconstrução nacional ». E não apenas para governar, mas, também, para isolar e sufocar o bolsonarismo. Eu imaginava que fosse preciso ceder mais, e por isso digo que fiquei satisfeito com os números: - 13 ministros do PT (hehehe, o número foi proposital?), o que equivale a 1/3 dos ministérios… e , fora isso, outros 4 são próximos. - 11 ministros sem filiação partidária e com grande e significativa diversidade D )o restante 1/3, forma-se a composição: PSB, MDB e PSD têm 3

Feliz 2023 para todxs e Viva Lula presidente

Feliz 2023 para todxs e Viva Lula presidente.  Outro não teria conseguido no tirar das trevas bolsonaristas.  Como estou me sentido? Primeiramente feliz, mas também aliviado. Os últimos quatro anos foram, para mim (e, imagino, para muitos) de imenso desgaste, sobretudo pessoal. Eu poderia ter trabalhado e ajudado mais, mas não consegui, sob o peso da sensação de impotência, apesar dos esforços. Mas agora estou me sentindo feliz, contemplado e imensamente esperançoso.  Continuemos. Temos a grande missão de lutar, agora, contra o fundamentalismo brasileiro contemporâneo. Por tal, entendemos a continuação da violência, da mentira, da vulgaridade e da imbecilidade bolsonariqtas. Não acabou, mas agora nós estamos no poder.  Como combatê-lo? Penso que com três medidas : 1) Denunciar suas raízes históricas e culturais, para que se forme uma consciênia crítica capaz de, a longo termo (num futuro que imagino precisar de algumas décadas de acúmulo dialógico), destruir as narrativas cínicas, rei

Palacete Faciola: lembranças e (bom) contradições...

1.  Feliz com a recuperação/restauração do palacete Faciola. Parabéns ao governo do Estado por isso. Ainda não fui lá, mas vi as fotos e escutei o que os amigos disseram. Tudo muito positivo.  Dona Inah deve estar feliz, lá do outro lado.  Lembro dela, pessoa avançadíssima. De um lado protegendo o prédio, um verdadeiro museu privado, como uma guardiã incansável. De outro, fazendo da sua própria casa o que alguns veriam como o oposto ao palacete: a casa « moderna » por excelência.  Dona Inah Faciola era vizinha e amiga de minha avó. Ambas moravam na Generalíssimo, esquina com a Antônio Barreto, uma de cada lado da rua.  No começo, minha avó tinha resistência a se entrosar com a vizinha, tal como muita gente no tempo deles. É que dona Inah era « separada » e, pior, « recasada » no Uruguai. Desses escâdalos que, na verdade, não escandalizavam ninguém mas que acabavam sendo um empecilho no trânsito com pessoas, digamos, mais sensíveis.  Mas quase imediatamente essa resistência se quebrou.